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SOMBRA NO PLANALTO
Acusado de envolvimento no caso Waldomiro, empresário foi sócio de auxiliar de ministro
Assessor de Palocci foi sócio de Buratti em empresa de SP
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo após ter protagonizado
um escândalo na gestão do então
prefeito de Ribeirão Preto (SP),
Antonio Palocci, o empresário
Rogério Tadeu Buratti manteve
negócios com o atual chefe-de-gabinete do hoje ministro da Fazenda, Juscelino Antonio Dourado.
Palocci tem dito, por meio de
sua assessoria, que desde 1994 não
mantém relações de amizade nem
profissionais com Buratti, seu secretário de governo na primeira
gestão em Ribeirão Preto. A assessoria ressalva que é provável que
tenha havido encontros sociais.
Na última sexta-feira, em depoimento à Polícia Federal, diretores
da empresa de informática GTech
disseram que em 2003 Waldomiro Diniz, então assessor da Casa
Civil, informou que uma pessoa
influente iria procurá-los, e que
eles deveriam contratá-la para
que contrato com a Caixa Econômica Federal fosse renovado.
Segundo os diretores, essa pessoa era Rogério Buratti, que chegou a se encontrar com eles em
Brasília para discutir um contrato
de consultoria. Inicialmente, o valor discutido seria de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. Valor que
teria sido reduzido para R$ 6 milhões, mas que os diretores da
empresa dizem não ter sido pago.
Homem da confiança do ministro José Dirceu (Casa Civil), Waldomiro foi demitido a pedido
após ter sido flagrado em vídeo de
2002 negociando propinas com
um empresário de jogos eletrônicos. À época, trabalhava no governo Benedita da Silva (PT-RJ).
Buratti deixou em outubro de
1994 o cargo na Prefeitura de Ribeirão Preto após a Folha ter divulgado trechos de gravação feita
por ele mesmo com indícios de favorecimento para empresas em licitações. Foi aberta uma investigação na Câmara Municipal e um
inquérito no Ministério Público.
Nada foi provado contra Buratti.
Dois anos depois da divulgação
da fita, ele se tornou sócio de Juscelino Dourado na empresa W
Way Informática Ltda., uma provedora de internet. A empresa foi
fundada em 23 de setembro de 96
e tinha como terceiro sócio Renato Buratti Neto, irmão de Rogério.
Segundo Luiz Antonio Prado
Garcia, ex-sócio de Rogério e
atual sócio da sua irmã, Rosângela
Buratti, na empresa Assessorarte,
a provedora W Way funcionou
por pouco mais de um ano, até ser
vendida. Garcia foi coordenador
de licitações do prefeito Palocci.
Dourado também foi sócio de
Renato Buratti Neto, irmão de
Rogério, numa editora. Em 28 de
dezembro de 1995, o atual chefe-de-gabinete do ministro abriu
uma empresa chamada Editorarte Editora & Gráfica Ltda.
A semelhança do primeiro nome com a Assessorarte, empresa
especializada na realização de
concursos públicos, não foi mera
coincidência: a Folha apurou que
o endereço da antiga empresa de
Dourado era o mesmo do atual
endereço da Assessorarte, no número 1.566 da rua Marechal Deodoro, no bairro Sumaré. Rogério
Buratti chegou a ser sócio da Assessorarte, mas transferiu sua cota para sua irmã, Rosângela.
Assim como no caso da W Way,
Prado diz que a Editorarte está
desativada. Segundo ele, a empresa foi gestada para executar trabalhos de impressão em serviços relacionados a concursos públicos.
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