|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOMBRA NO PLANALTO
Em nota, partido recua de pedido de demissão de Palocci feito pelo presidente da sigla, mas mantém posicionamento sobre juros
Lula cobra Alencar, e Costa Neto se retrata
RANIER BRAGON
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter pedido ao seu
vice, José Alencar, retratação oficial do PL, a bancada de deputados federais e membros da Executiva do partido se reuniram ontem e divulgaram uma nota desautorizando os ataques do presidente da sigla, Valdemar Costa
Neto, ao ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e ao presidente
do BC, Henrique Meirelles.
Lula conversou com Alencar
ainda anteontem depois de saber
que Costa Neto pedira a demissão
de Palocci e de Meirelles por falta
de "competência", durante a posse do novo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PL),
no Palácio do Planalto.
Foi a primeira vez que Lula cobrou Alencar direta e duramente.
Em 2003, o presidente, com jeito,
disse ao vice que suas críticas aos
juros altos dificultavam o trabalho do ministro e do presidente
do Banco Central. Lula gosta de
Alencar e tolera suas críticas, mas
Costa Neto ultrapassou limites.
Após falar com Lula, Alencar
procurou Costa Neto. Disse que
ele tinha exagerado, que o presidente estava irado e que o PL tinha de se manifestar contra. Lula
ficou contrariado, pois nem o PT,
que divulgou nota pedindo "mudanças", fez ataques tão duros.
Mais: Lula avaliou que a atitude
de Costa Neto, dentro do Planalto, transmitia imagem de descontrole sobre o governo e os aliados,
na hora em que tenta debelar a
crise do caso Waldomiro Diniz.
Lula também julgou prejudicial à
autoridade de Palocci vê-lo receber forte ataque depois de o próprio presidente ter enquadrado
membros do governo e do PT que
minam o ministro da Fazenda.
Assinam a nota do PL Costa Neto e o deputado Sandro Mabel
(GO), líder do partido na Câmara.
Nela, a Executiva Nacional da legenda e os deputados reafirmam
o "apoio incondicional" ao governo, sublinham que é de "competência exclusiva" do presidente a
nomeação ou demissão de ministros e, como contraponto, mantêm as críticas aos juros, cujas altas taxas "inibem os investimentos em atividades produtivas".
O presidente do PT, José Genoino, foi um dos petistas que entraram no circuito para falar com
Costa Neto e costurar o recuo:
"Qualquer partido da base pode
reivindicar, sugerir. O que conversamos com a direção do PL é
que o debate sobre a economia
não pode cair em um discurso sobre quem cai, quem entra".
Na reunião do partido, Costa
Neto reconheceu que errou, mas
reafirmou suas opiniões sobre Palocci, a quem critica faz tempo,
entre outros motivos, devido a
nomeações para cargos federais.
Os deputados criticaram também o PT, dizendo que teria
"aberto a porta" do ataque a Palocci ao pedir mudanças na política econômica. "Se o PT pode, por
que a gente não pode?", foi uma
pergunta repetida na reunião.
Após a redação, a nota foi levada ao Planalto, onde Lula se reuniu com Nascimento e Alencar.
Por sua assessoria, Costa Neto
disse achar "curiosa" a repercussão de suas palavras, já que não
escondia sua opinião fazia tempo.
Texto Anterior: Ex-assessor alterou edital, diz comissão Próximo Texto: Aldo ouve críticas de senadores aliados Índice
|