São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Presidente afirma que, pelo fato de ter criticado muito enquanto estava na oposição, aprendeu a conviver democraticamente com elas

A prefeitos, Lula diz estar "calejado" para conviver com crítica

EDUARDO SCOLESE
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem no encontro dos prefeitos do país, em Brasília, que, pelo fato de ter feito "tantas críticas aos outros" enquanto esteve no papel de oposição, hoje está "calejado para conviver democraticamente" com elas.
Segundo ele, que se disse "mais feliz e otimista" em relação ao ano passado, não há "nenhum problema" que se façam atualmente críticas contra o governo federal.
Depois de o PT ter cobrado no início do mês mudanças nas diretrizes da economia do país, nesta semana Lula ouviu cobranças contundentes na mesma linha de partido que formam sua base de sustentação, o PMDB e o PL.
"Não tem nenhum problema se fizerem crítica (...) porque eu já fiz tanta crítica aos outros que, quando fazem a mim, eu já estou calejado para conviver democraticamente com elas", disse, no final da tarde de ontem, a cerca de 2.500 pessoas que participam da 7ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Metade delas, segundo a organização, era de prefeitos.
Lula disse que o dinheiro não chega de "cegonha" e que os cortes no Orçamento são "angustiantes" não só para os prefeitos, mas também para sua equipe de ministros. Segundo ele, alguns prefeitos são prejudicados no país pelo fato de alguns governadores "marginalizarem" aqueles que não pertencem aos seus partidos.
Ao falar sobre economia, que viu o PIB (Produto Interno Bruto) recuar 0,2% em 2003 em relação a 2002, Lula disse que o país tem hoje todas as condições para crescer, talvez não de forma "extraordinária", mas "sustentável".
Ontem, os prefeitos demonstraram impaciência com o atraso de uma hora e 15 minutos de Lula. Eles batiam palmas e vaiavam, como forma de protesto.
Já no local, ao lado de 12 ministros, o presidente também ouviu cobranças do prefeito de Aracaju (SE), Marcelo Déda (PT), coordenador da FNP (Frente Nacional de Prefeitos) e candidato à reeleição. O discurso improvisado do presidente, na prática, se transformou numa resposta de Lula.
"Ano passado obtivemos vitórias e voltamos com novas reivindicações. Precisamos responder um simpático questionamento feito pelo senhor na 6ª marcha: meçam o que foi feito até agora na relação entre a Presidência da República e os prefeitos e façam um balanço. Se a régua do senhor mede esses avanços, não conseguiu medir ainda todos os nossos anseios e expectativas", disse Déda.
O prefeito de Aracaju, apesar do reconhecimento de ganhos no ano passado, ainda pediu que Lula "evite" cortes no Orçamento e não "ceda" às pressões dos governadores em torno da Cide.


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