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SOMBRA NO PLANALTO
Presidente afirma que, pelo fato de ter criticado muito enquanto estava na oposição, aprendeu a conviver democraticamente com elas
A prefeitos, Lula diz estar "calejado" para conviver com crítica
EDUARDO SCOLESE
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva declarou ontem no encontro
dos prefeitos do país, em Brasília,
que, pelo fato de ter feito "tantas
críticas aos outros" enquanto esteve no papel de oposição, hoje
está "calejado para conviver democraticamente" com elas.
Segundo ele, que se disse "mais
feliz e otimista" em relação ao ano
passado, não há "nenhum problema" que se façam atualmente críticas contra o governo federal.
Depois de o PT ter cobrado no
início do mês mudanças nas diretrizes da economia do país, nesta
semana Lula ouviu cobranças
contundentes na mesma linha de
partido que formam sua base de
sustentação, o PMDB e o PL.
"Não tem nenhum problema se
fizerem crítica (...) porque eu já fiz
tanta crítica aos outros que, quando fazem a mim, eu já estou calejado para conviver democraticamente com elas", disse, no final da
tarde de ontem, a cerca de 2.500
pessoas que participam da 7ª
Marcha a Brasília em Defesa dos
Municípios. Metade delas, segundo a organização, era de prefeitos.
Lula disse que o dinheiro não
chega de "cegonha" e que os cortes no Orçamento são "angustiantes" não só para os prefeitos, mas
também para sua equipe de ministros. Segundo ele, alguns prefeitos são prejudicados no país
pelo fato de alguns governadores
"marginalizarem" aqueles que
não pertencem aos seus partidos.
Ao falar sobre economia, que
viu o PIB (Produto Interno Bruto)
recuar 0,2% em 2003 em relação a
2002, Lula disse que o país tem
hoje todas as condições para crescer, talvez não de forma "extraordinária", mas "sustentável".
Ontem, os prefeitos demonstraram impaciência com o atraso de
uma hora e 15 minutos de Lula.
Eles batiam palmas e vaiavam, como forma de protesto.
Já no local, ao lado de 12 ministros, o presidente também ouviu
cobranças do prefeito de Aracaju
(SE), Marcelo Déda (PT), coordenador da FNP (Frente Nacional
de Prefeitos) e candidato à reeleição. O discurso improvisado do
presidente, na prática, se transformou numa resposta de Lula.
"Ano passado obtivemos vitórias e voltamos com novas reivindicações. Precisamos responder
um simpático questionamento
feito pelo senhor na 6ª marcha:
meçam o que foi feito até agora na
relação entre a Presidência da República e os prefeitos e façam um
balanço. Se a régua do senhor mede esses avanços, não conseguiu
medir ainda todos os nossos anseios e expectativas", disse Déda.
O prefeito de Aracaju, apesar do
reconhecimento de ganhos no
ano passado, ainda pediu que Lula "evite" cortes no Orçamento e
não "ceda" às pressões dos governadores em torno da Cide.
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