São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI EM APUROS

Advogado se nega a confirmar presença do ministro no imóvel utilizado por grupo de Ribeirão

Cabe a Palocci se explicar sobre casa, afirma Buratti

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Rogério Buratti diz que não cabe a ele afirmar se o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, freqüentava a "casa do lobby" que os integrantes da chamada "república de Ribeirão Preto" alugaram em Brasília entre o final de 2003 e o início de 2004.
"Não quero dizer se encontrei o ministro ou não na casa porque isso não cabe a mim, cabe ao ministro. Não nego que me encontrei com o ministro em Brasília umas cinco, seis, sete vezes, seja no ministério ou na casa dele. Para mim, isso não é crime. Por isso, não nego", afirmou à Folha.
Buratti se negou a fazer mais comentários sobre os freqüentadores da casa porque a questão passou a ser "moral" depois que o caseiro Francenildo Santos Costa contou sobre as eventuais festas que ocorriam ali.
"O que interessa saber é se ocorreram atividades ilegais ou ilícitas naquela casa. Eu posso dizer que nunca presenciei atividades ilegais lá", afirmou Buratti.
O advogado frisa, porém, que há pelo menos um equívoco no depoimento do caseiro -não faz sentido, segundo Buratti, a versão de que era ele, por meio de uma empresa, que pagava as despesas da "casa do lobby".
O advogado foi vice-presidente da Leão Leão, empreiteira que teria pago uma mesada de R$ 50 mil para o PT quando Palocci estava à frente da prefeitura de Ribeirão em sua segunda gestão, de acordo com o próprio Buratti.
"A Leão Leão nunca fez pagamentos [relacionados à casa] como parte de um consórcio. A Leão Leão nunca contribuiu formalmente para a manutenção da casa", contou.
Quem cuidava dos pagamentos relacionados à casa, de acordo com Buratti, era o economista Vladimir Poleto. "A origem do caixa do Vladimir eu não sei", diz. Poleto foi apontado pelo caseiro Nildo como a pessoa que guardava malas com dinheiro num dos quartos da casa.
As empresas que usavam a casa contribuíam eventualmente para a manutenção, de acordo com o advogado. Entre essas empresas, estavam a Leão Leão, a REK, do empresário Roberto Carlos Kurzweil, e a Asperbras e a Soft Micro, de José Roberto Colnaghi.
Kurzweil é dono da empresa que alugava carros blindados para o PT. Colnaghi ficou conhecido como o dono do jatinho que o ministro usou em 2003 e que, em depoimento à CPI dos Bingos, disse ter sido alugado pelo PT. Porém, a versão de Palocci foi desmontada e o ministro acabou afirmando que cometera "uma imprecisão terminológica" no depoimento.
Buratti contou que a Leão Leão lhe dava uma verba para custear certas atividades, como viagens e despesas de transporte, e era com esse recurso que ele ajudava no custeio da casa. "Quando eu ia para Brasília e usava os serviços de Francisco, aí eu ajudava no pagamento." Francisco das Chagas Costa era motorista de Buratti, Ralf Barquete e Vladimir Poleto em Brasília. Quando os integrantes da "república de Ribeirão Preto" descobriram que seus telefones estavam grampeados, por ordem da Justiça, passaram a falar em telefones alugados em nome do motorista Francisco.
O relato do caseiro de que Buratti teria jogado tênis com o ministro na casa num sábado também está equivocado, segundo o advogado. "Eu não freqüentava Brasília em fins de semana. Só fui uma única vez, como turista, com a minha ex-mulher e com meus filhos. Foi quando eu visitei o ministro na casa dele."


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