São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Um dia depois que pesquisa mostrou insatisfação com a área, candidato do PSDB ataca o Banco Central e a carga tributária

Alckmin critica "tripé econômico" de Lula

LUCIANA CONSTANTINO
CYNTHIA GARDA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pesquisa Ibope de ontem mostrou que 54% dos eleitores querem mudanças na economia. Um dia depois, o candidato do PSDB à Presidência, o governador Geraldo Alckmin, defendeu mudanças na área.
"O tripé econômico do governo está errado", afirmou Alckmin em entrevista à rádio CBN, de São Paulo. "A política monetária é totalmente conservadora, a taxa de juros é muito alta. A política fiscal vai mal porque o Brasil aumenta imposto, quando, pelo contrário, é preciso melhorar a qualidade do gasto público para diminuir a carga tributária. A política cambial também vai mal, prejudicando o agronegócio, as pequenas empresas exportadoras. Daqui a pouco, vamos exportar empregos."
Os ataques de Alckmin ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva acontecem em um momento no qual o presidente tem 43% das intenções de voto, contra 19% do governador, segundo o Ibope.
À tarde, em Brasília, Alckmin voltou à economia e defendeu a redução imediata da taxa de juros e a necessidade de uma reforma tributária que diminua impostos. Também afirmou que o atuais patamares do superávit primário (economia do governo para pagamento de juros) não são um problema: "Esse é o lado bom [da atual política econômica]. O problema é a taxa de juros", afirmou.
"Acho que os juros podem ser baixados imediatamente. Acho que há um conservadorismo exagerado. Poderíamos ter taxas menores", afirmou Alckmin no dia em que a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que a queda dos juros continuará gradual. Na ata também se lê que ainda não há como medir os efeitos das últimas reduções de juros na economia. No início do mês, o Copom reduziu a taxa de 17,25% ao ano para 16,5%.
Ao ser questionado sobre o fato de ser conservador, o tucano disse: "Levo no bom humor essa história de conservador. Engraçado que são de esquerda o PT e o Lula. Com todo o respeito, ele tem na presidência do Banco Central o Henrique Meirelles, tem a maior taxa de juros do mundo e a política monetária mais conservadora do planeta". Alckmin evitou comentar a situação do ministro Antonio Palocci, que tem sido alvo da CPI dos Bingos.
O tucano afirmou apenas que a situação é "muito delicada" e que é preciso investigar. "Cargo de ministro é de confiança do presidente da República. Cabe ao presidente avaliar", completou.
Mas, se foi contundente contra o governo, o candidato se esquivou em Brasília das perguntas sobre alianças. Reafirmou que o PFL é "aliado preferencial" e que vai aguardar uma "conversa partidária" para tratar sobre seu vice. "O PFL tem um compromisso com o prefeito Cesar Maia. Se ele não for candidato e o PFL não tiver candidato, nós queremos fazer aliança", explicou Alckmin.
As declarações do governador foram feitas pouco depois de um rápido cumprimento entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em solenidade no STF (Supremo Tribunal Federal). Foi a primeira vez que eles se encontraram desde que o PSDB anunciou o governador como seu candidato à Presidência.


Colaborou a Redação

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