Ao nomear três novos auxiliares, petista adverte que salário é baixo e "o que não aparecia na imprensa começa a aparecer"

Sobre Odílio Balbinotti, indicado para a Agricultura e alvo de processo, petista afirma apenas que "quem escolhe ministro é a gente"

Alan Marques/Folha Imagem

Lula discursa durante a posse dos novos ministros da Justiça, da Saúde e da Integração Nacional

Em meio a uma série de brincadeiras com os ministros que saíam e os que entravam, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse ontem a três ministros advertindo-os de que terão uma vida difícil daqui para a frente.
Lula rotulou de "heróis" os integrantes de primeiro escalão que aceitam receber os salários pagos pelo governo, de cerca de R$ 8.000. Alertou-os ainda de que estarão sujeitos a revelações de seus passados.
O recado ocorre no momento em que vê na imprensa a revelação de que o deputado federal Odílio Balbinotti (PMDB-PR), indicado ao Ministério da Agricultura, responde a processo no Supremo Tribunal Federal.
Antes do evento, Lula foi questionado pela imprensa sobre a situação de Balbinotti. "Quem escolhe [o ministro] é a gente", limitou-se a responder.
Minutos depois, ao dar posse ao petista Tarso Genro (Justiça) e aos peemedebistas Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e José Gomes Temporão (Saúde), advertiu: "Se pensam que é moleza ser ministro, vocês vão ver que, muitas vezes, o que não aparecia na imprensa começa a aparecer".
Completou com outro aviso: "Vocês vão perceber que, muitas vezes, é mais difícil e o salário é muito baixo. Quando eu vejo os ministros, que ganhavam muito bem, virem ganhar R$ 7.000, R$ 8.000, eu falo: esses são heróis. Alguns pagam para serem ministros".
O salário de um ministro é de R$ 8.362,80, pouco menos que os R$ 8.885,48 do presidente. Lula brincou: "Sou o único que não posso reclamar do meu salário de R$ 8.000, porque não tem nenhum torneiro mecânico no Brasil ganhando R$ 8.000 por mês. Então, eu ainda continuo sendo o torneiro mecânico mais bem pago".
O petista ainda disse que os salários tornam difícil a competição do governo com a iniciativa privada. "Eu vejo a iniciativa privada tirando gente que ganha R$ 7 mil por mês, para pagar R$ 70 mil, R$ 80 mil reais."
Geddel enviou carta à Câmara para manter seu salário de parlamentar, de R$ 12.847. Lula comentou a nomeação do peeemedebista, que fez oposição no seu primeiro mandato. "A felicidade de alguém que exerce um segundo mandato é que não tenho tempo de pensar em ontem. Estou com a cabeça preparada para pensar no amanhã, depois de amanhã."
O presidente enalteceu o trabalho de Márcio Thomaz Bastos na Justiça. Brincou que vai precisar dos serviços dele como advogado ao deixar o Planalto.
Lula disse que queria que Bastos ficasse, mas ele preferiu sair. "Ele [Bastos] está naquela idade [71 anos], jovem, que ele acha que ir para o Guarujá, na praia, dois dias por semana, é melhor do que vir para a Esplanada dos Ministérios. E eu acho que é merecido", disse Lula