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Durmo tranqüilo, diz ministro Geddel sobre seu passado
Novo titular da Integração Nacional, peemedebista afirma que não precisa ficar "com medo do noticiário do fim de semana"
Transposição do rio São Francisco será levada adiante, diz ele, deputado eleito pela Bahia, onde há grande oposição ao projeto
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Em um discurso pontuado
por agradecimentos e promessas de fidelidade ao presidente
Lula, a quem chamou de "líder
e agora comandante", Geddel
Vieira Lima, 47, tomou posse
ontem como ministro da Integração Nacional prometendo
levar adiante o projeto de
transposição do rio São Francisco, carro-chefe da pasta.
"Quero como baiano, como
nordestino, como ministro,
transformar em realidade o sonho do presidente Lula: levar
água de beber para a gente do
semi-árido", disse no discurso.
Geddel aludiu às divergências do passado com Lula ao dizer que se engana quem as vê
como "barreiras intransponíveis para o entendimento".
Em entrevista à Folha após a
posse, disse que não há nada
em seu passado que o impeça
"de dormir tranqüilo às quintas-feiras com medo do noticiário do fim de semana".
FOLHA - O principal projeto de sua
pasta é a transposição do rio São
Francisco, que a Bahia, seu Estado,
rejeita. Como conciliar esse conflito?
GEDDEL VIEIRA LIMA - O projeto é
controverso porque, por incrível que pareça, é desconhecido.
A começar pelo nome: muita
gente acha que se trata de uma
proposta para mudar o leito do
rio. É importante, primeiro, dar
conhecimento mais amplo à
sociedade desse projeto. Em
segundo lugar, existe grande
mistificação de que a Bahia é
contrária à proposta. Não conheço nenhum plebiscito que
tenha sido feito para aferir isso.
FOLHA - Mas setores como a Igreja
Católica e os movimentos sociais já
se manifestaram contra.
GEDDEL - É natural que gere
discussão. Mas pretendemos
debater com todos os setores.
FOLHA - O sr. era opositor de Lula.
Como foi a conversa em que ele o
convidou para a equipe?
GEDDEL - O presidente sabe dos
embates políticos que tivemos
no passado, mas ele demonstrou hoje na posse, e eu repeti
agora, que quando se inicia um
projeto de convergência o importante é o destino, não o início. O que foi dito, foi dito, mas
eu sou contemporâneo do futuro, e não escravo do passado.
FOLHA - O ministério que o sr. assume é um dos que têm mais interface
política, graças ao grande volume
para investimentos. Como evitar
que se torne um balcão de pedidos?
GEDDEL - Sou político e não me
envergonho de ser. Não considero os pleitos de deputados e
senadores ilegítimos. Temos a
obrigação de reivindicar investimentos, desde que compatibilizado com critérios técnicos.
FOLHA - O sr. foi indicado pela bancada do PMDB. Vai atender prioritariamente os pleitos do seu partido?
GEDDEL - Sou ministro do governo, apesar de ser filiado ao
PMDB. Tenho uma ligação histórica com o meu partido, mas
tenho também a consciência
plena de que uma das minhas
responsabilidades como ministro é manter a harmonia na base de apoio do presidente.
FOLHA - E em relação às acusações
de enriquecimento ilícito que lhe foram imputadas pelo senador ACM?
O sr. teme responder por elas?
GEDDEL - Tenho absoluta tranqüilidade em relação à minha
atuação na vida pública.
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