São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Durmo tranqüilo, diz ministro Geddel sobre seu passado

Novo titular da Integração Nacional, peemedebista afirma que não precisa ficar "com medo do noticiário do fim de semana"

Transposição do rio São Francisco será levada adiante, diz ele, deputado eleito pela Bahia, onde há grande oposição ao projeto


VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Em um discurso pontuado por agradecimentos e promessas de fidelidade ao presidente Lula, a quem chamou de "líder e agora comandante", Geddel Vieira Lima, 47, tomou posse ontem como ministro da Integração Nacional prometendo levar adiante o projeto de transposição do rio São Francisco, carro-chefe da pasta.
"Quero como baiano, como nordestino, como ministro, transformar em realidade o sonho do presidente Lula: levar água de beber para a gente do semi-árido", disse no discurso. Geddel aludiu às divergências do passado com Lula ao dizer que se engana quem as vê como "barreiras intransponíveis para o entendimento".
Em entrevista à Folha após a posse, disse que não há nada em seu passado que o impeça "de dormir tranqüilo às quintas-feiras com medo do noticiário do fim de semana".

 

FOLHA - O principal projeto de sua pasta é a transposição do rio São Francisco, que a Bahia, seu Estado, rejeita. Como conciliar esse conflito?
GEDDEL VIEIRA LIMA -
O projeto é controverso porque, por incrível que pareça, é desconhecido. A começar pelo nome: muita gente acha que se trata de uma proposta para mudar o leito do rio. É importante, primeiro, dar conhecimento mais amplo à sociedade desse projeto. Em segundo lugar, existe grande mistificação de que a Bahia é contrária à proposta. Não conheço nenhum plebiscito que tenha sido feito para aferir isso.

FOLHA - Mas setores como a Igreja Católica e os movimentos sociais já se manifestaram contra.
GEDDEL -
É natural que gere discussão. Mas pretendemos debater com todos os setores.

FOLHA - O sr. era opositor de Lula. Como foi a conversa em que ele o convidou para a equipe?
GEDDEL -
O presidente sabe dos embates políticos que tivemos no passado, mas ele demonstrou hoje na posse, e eu repeti agora, que quando se inicia um projeto de convergência o importante é o destino, não o início. O que foi dito, foi dito, mas eu sou contemporâneo do futuro, e não escravo do passado.

FOLHA - O ministério que o sr. assume é um dos que têm mais interface política, graças ao grande volume para investimentos. Como evitar que se torne um balcão de pedidos?
GEDDEL -
Sou político e não me envergonho de ser. Não considero os pleitos de deputados e senadores ilegítimos. Temos a obrigação de reivindicar investimentos, desde que compatibilizado com critérios técnicos.

FOLHA - O sr. foi indicado pela bancada do PMDB. Vai atender prioritariamente os pleitos do seu partido?
GEDDEL -
Sou ministro do governo, apesar de ser filiado ao PMDB. Tenho uma ligação histórica com o meu partido, mas tenho também a consciência plena de que uma das minhas responsabilidades como ministro é manter a harmonia na base de apoio do presidente.

FOLHA - E em relação às acusações de enriquecimento ilícito que lhe foram imputadas pelo senador ACM? O sr. teme responder por elas?
GEDDEL -
Tenho absoluta tranqüilidade em relação à minha atuação na vida pública.


Texto Anterior: Saúde é um "pepino", avisa presidente a novo ministro
Próximo Texto: Peemedebista faz salada de citações ao tomar posse
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.