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TV estatal pode custar o dobro do previsto por Costa
Cálculos de especialistas estimam em R$ 523 milhões, no mínimo, o gasto com o projeto
Ministro, que mostrou a proposta da Rede Nacional de Televisão Pública a Lula, disse serem necessários
R$ 250 mi em quatro anos
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A criação de uma rede estatal
de televisão, com cobertura em
todo o território nacional, como anunciado pelo ministro
das Comunicações, Hélio Costa, pode custar no mínimo
R$ 523,36 milhões, segundo
cálculos de fabricantes e de engenheiros ouvidos pela Folha.
Na segunda-feira passada,
Costa apresentou ao presidente Lula a proposta de criação da
Rede Nacional de Televisão
Pública, ligada ao Executivo,
que implicará, segundo ele, em
investimentos de R$ 250 milhões em quatro anos.
Na ocasião, Costa disse que a
intenção é fazer com que o sinal da nova TV chegue a todos
os municípios (5.564). Há no
Brasil, segundo o IBGE, 4.458
municípios com população de
até 30 mil, dos quais 1.370 têm
menos de 5.000 habitantes.
Segundo informação dos fabricantes de equipamentos, o
principal item de custo de uma
rede nacional de TV é levar o
sinal aos pequenos municípios.
O custo de um posto de retransmissão mais simples, para
localidades com até 10 mil habitantes, foi calculado pelo presidente da Abirt (Associação
Brasileira da Indústria de Radiodifusão), Eduardo Santos de
Araújo, em R$ 50 mil.
Ou seja, para cobrir os 2.581
municípios com essa população, seria necessário um investimento de R$ 129 milhões.
Se o governo for instalar retransmissores em todos os municípios, gastará, pelo menos,
R$ 443,36 milhões, fora o investimento na implantação da
emissora que vai gerar a programação e colocá-la no satélite para ser retransmitida.
A projeção dos R$ 523,36 milhões foi feita com a máxima
economia de custos. Pressupôs, por exemplo, o compartilhamento de torres de retransmissão com outras emissoras, e
cessão de terrenos por prefeituras, prática que o ministro
cogitou adotar no projeto.
Costa não explicou como
chegou à sua cifra, de R$ 250
milhões. Em entrevista à Folha, na terça-feira, disse que se
tratava de um número inicial,
que precisa ser ""refinado".
Há vários pontos obscuros
em relação à estrutura da TV
estatal pretendida pelo ministro. O primeiro ponto refere-se
à Radiobrás. Costa disse que
não está decidido se será aproveitada a estrutura da Radiobrás, que cobre 30% do país.
Segundo especialistas, se o
governo for implantar uma rede paralela à da Radiobrás, terá
de instalar uma emissora geradora, que será a cabeça da rede.
Uma geradora de médio porte,
com capacidade de produzir 24
horas de programação, custa,
no mínimo, R$ 84 milhões.
Costa afirmou, por meio de
sua assessoria, que a decisão final sobre o projeto será dada
pela Secom. Em relação ao custo apontado por fabricantes,
disse que, se o projeto for compartilhado com Estados e municípios, diminuirá o dispêndio
do governo, mas não comentou
a diferença entre o valor apontado pelos fabricantes e sua
projeção de R$ 250 milhões.
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