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ESPELHO, ESPELHO MEU
Ministro da Fazenda diz não se sentir ofendido quando comparam sua política com a de Pedro Malan
FHC e Palocci trocam elogios em fórum
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A COMANDATUBA (BA)
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) foram protagonistas ontem de um encontro amistoso,
marcado pela troca de elogios.
Palocci chegou a dizer que a
"dedicação" de Fernando Henrique e de sua equipe foi importante para tornar o Brasil um país
equilibrado. O tucano já havia dito, horas antes, que graças ao ministro havia sido possível "repor o
país em um situação razoável",
após as eleições de 2002.
O ministro fez as declarações no
Fórum Empresarial, na ilha de
Comandatuba, sul da Bahia. FHC,
que havia feito uma exposição pela manhã, estava presente na palestra de Palocci, que disse não se
sentir "ofendido" quando comparam sua política econômica
com a do governo anterior.
O mediador do encontro, João
Doria Jr, pediu para o ex-presidente que fizesse a última pergunta ao ministro da Fazenda. "Não
estava combinado", brincou
FHC: "Eu não vou fazer pergunta.
Ouvi com muita atenção tudo o
que disse o ministro da Fazenda.
Não sei se eu devo dizer, [mas] eu
concordo. Concordo que há uma
agenda que tem de continuar,
uma agenda de reformas, de
transformação. Só lamento que
essa agenda não tenha sido consensual alguns anos antes".
A platéia, formada por cerca de
200 empresários, aplaudiu o tucano. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, também interveio afirmando que o governo continuava em
direção à agenda positiva. Foi a
vez então de Palocci brincar com
FHC. Disse ter ficado sabendo
que o ex-presidente havia falado
mal dele durante sua palestra pela
manhã. Na verdade, o tucano elogiara o ministro ao dizer que ele
"foi importante para repor o país
em uma situação razoável". O tucano referia-se ao nervosismo do
mercado financeiro em 2002.
Disse então o ministro: "Nós
observamos o esforço da construção do equilíbrio econômico do
país, da sua dedicação e a da sua
equipe. O empenho que foi feito
para tornar o Brasil um país de
longo prazo equilibrado é importante no presente, foi no passado e
será no futuro", retribuiu Palocci.
Em sua palestra, Palocci já havia
afirmado que não se sentia "ofendido" quando comparavam a política econômica deste governo
com a gestão passada. "Se é igual e
é correto, vou continuar fazendo
por mais dez anos", afirmou. No
término da sua exposição, o petista foi questionado pelos jornalistas sobre o teor das suas declarações. Disse: "Eu me referia aos
instrumentos da política econômica. Aqueles que são bons a gente vai continuar usando sempre
porque o mundo inteiro usa, e isso é bom para a economia".
Segundo Palocci, os instrumentos que "todo o mundo" usa são:
câmbio flutuante, ajuste fiscal e
metas de inflação. "Instrumentos
usados no passado recente e em
outros governos nós continuamos usando, e não me incomoda
que digam que isso é manutenção
de instrumentos da política econômica recente. Usamos porque
são instrumentos válidos na política moderna de todo o mundo".
No ano passado, petistas criticaram o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, que defendeu que fosse colocada estátua
em praça pública em homenagem
ao ex-ministro da Fazenda Pedro
Malan. Pela manhã, FHC havia
elogiado mais de uma vez o ministro. "Palocci restabeleceu essa
percepção de que o Brasil vai seguir num rumo de responsabilidade. O que é bom. Mas não há
continuidade de nada. Ele enfrentou aquela situação. Se tiver de enfrentar outra, seria diferente".
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