São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESPELHO, ESPELHO MEU

Ministro da Fazenda diz não se sentir ofendido quando comparam sua política com a de Pedro Malan

FHC e Palocci trocam elogios em fórum

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A COMANDATUBA (BA)

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foram protagonistas ontem de um encontro amistoso, marcado pela troca de elogios.
Palocci chegou a dizer que a "dedicação" de Fernando Henrique e de sua equipe foi importante para tornar o Brasil um país equilibrado. O tucano já havia dito, horas antes, que graças ao ministro havia sido possível "repor o país em um situação razoável", após as eleições de 2002.
O ministro fez as declarações no Fórum Empresarial, na ilha de Comandatuba, sul da Bahia. FHC, que havia feito uma exposição pela manhã, estava presente na palestra de Palocci, que disse não se sentir "ofendido" quando comparam sua política econômica com a do governo anterior.
O mediador do encontro, João Doria Jr, pediu para o ex-presidente que fizesse a última pergunta ao ministro da Fazenda. "Não estava combinado", brincou FHC: "Eu não vou fazer pergunta. Ouvi com muita atenção tudo o que disse o ministro da Fazenda. Não sei se eu devo dizer, [mas] eu concordo. Concordo que há uma agenda que tem de continuar, uma agenda de reformas, de transformação. Só lamento que essa agenda não tenha sido consensual alguns anos antes".
A platéia, formada por cerca de 200 empresários, aplaudiu o tucano. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, também interveio afirmando que o governo continuava em direção à agenda positiva. Foi a vez então de Palocci brincar com FHC. Disse ter ficado sabendo que o ex-presidente havia falado mal dele durante sua palestra pela manhã. Na verdade, o tucano elogiara o ministro ao dizer que ele "foi importante para repor o país em uma situação razoável". O tucano referia-se ao nervosismo do mercado financeiro em 2002.
Disse então o ministro: "Nós observamos o esforço da construção do equilíbrio econômico do país, da sua dedicação e a da sua equipe. O empenho que foi feito para tornar o Brasil um país de longo prazo equilibrado é importante no presente, foi no passado e será no futuro", retribuiu Palocci.
Em sua palestra, Palocci já havia afirmado que não se sentia "ofendido" quando comparavam a política econômica deste governo com a gestão passada. "Se é igual e é correto, vou continuar fazendo por mais dez anos", afirmou. No término da sua exposição, o petista foi questionado pelos jornalistas sobre o teor das suas declarações. Disse: "Eu me referia aos instrumentos da política econômica. Aqueles que são bons a gente vai continuar usando sempre porque o mundo inteiro usa, e isso é bom para a economia".
Segundo Palocci, os instrumentos que "todo o mundo" usa são: câmbio flutuante, ajuste fiscal e metas de inflação. "Instrumentos usados no passado recente e em outros governos nós continuamos usando, e não me incomoda que digam que isso é manutenção de instrumentos da política econômica recente. Usamos porque são instrumentos válidos na política moderna de todo o mundo".
No ano passado, petistas criticaram o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, que defendeu que fosse colocada estátua em praça pública em homenagem ao ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Pela manhã, FHC havia elogiado mais de uma vez o ministro. "Palocci restabeleceu essa percepção de que o Brasil vai seguir num rumo de responsabilidade. O que é bom. Mas não há continuidade de nada. Ele enfrentou aquela situação. Se tiver de enfrentar outra, seria diferente".


Texto Anterior: Pré-candidato, Temer reage ao PT paulistano
Próximo Texto: Troca de afagos - FHC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.