São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pré-candidato, Temer reage ao PT paulistano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lançamento da pré-candidatura do presidente do PMDB, Michel Temer, a prefeito de São Paulo é um exemplo do cabo-de-guerra que existe entre governo federal e administração Marta Suplicy em relação à tática eleitoral do PT para as eleições municipais.
Temer só será lançado hoje porque o PT paulistano se recusou a dar a vaga de vice ao PMDB. Essa justificativa foi dada anteontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo próprio Temer.
Em jantar com a cúpula do PMDB no Alvorada, o presidente disse a Temer que os dois partidos deveriam selar um "pacto de boa convivência" nas eleições de outubro. Lula repetiu seu desejo de que as duas legendas se aliem onde for possível. O presidente do PMDB concordou com Lula, mas afirmou que as maiores dificuldades nesse sentido partiam do próprio PT. Nesse momento, citou a eleição paulistana.
Temer disse que o presidente do PMDB em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, queria se aliar a Marta. No entanto, a recusa em ceder a vaga de vice levou Quércia a apoiá-lo. "Agora ficou irreversível", disse Temer a Lula, que respondeu: "É uma pena".
A Folha apurou, porém, que o governo federal ainda tentará convencer Marta a abrir mão do vice, articulação que tende ao fracasso. Secretário de Governo da Prefeitura, Rui Falcão já foi lançado na chapa de Marta.
Segundo a Agência Folha apurou, Lula afirmou no jantar que a chapa para disputar a Prefeitura de São Paulo ainda não está definida e que ainda há espaço para negociar a vice com o PMDB.
Apesar de viver momento difícil, Marta acredita na vitória. Quer um vice do PT e de confiança, como Falcão, porque sonha com vôos mais altos, até mesmo com a Presidência -apesar de, no cenário de hoje, estar mais inclinada a avaliar uma candidatura ao governo paulista em 2006.
É evidente que os sonhos da prefeita dependem do sucesso na campanha à reeleição. Circula no PT paulistano análise reservada sobre eventual dificuldade de Lula para se reeleger, caso o presidente não consiga superar a contento os obstáculos que enfrenta.
Num quadro de persistência desses obstáculos, caciques do PT paulistano acham que Lula pode não querer disputar a reeleição. Isso, no sonho de dirigentes do PT paulistano que não têm boas relações com o grupo lulista e o comando nacional do partido, poderia abrir a possibilidade de Marta ser presidenciável em 2006.
Já o PT federal julga que a aliança com o PMDB em São Paulo poderia ajudar na reconquista da prefeitura. De quebra, com um vice do PMDB, Marta sofreria pressão para ficar no cargo e ficaria fora das disputas petistas pelo governo paulista, sem falar no Planalto. Isso agrada, por exemplo, a caciques do PT que sonham com o Palácio do Bandeirantes. (KA)


Colaborou KAMILA FERNANDES, da Agência Folha, em Fortaleza

Texto Anterior: Fatura aliada: Lula cede, e PMDB leva presidência do INSS
Próximo Texto: Espelho, espelho meu: FHC e Palocci trocam elogios em fórum
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.