São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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RUMO A 2006

Ex-presidente diz que oito anos foi o bastante, e que tucanos têm quatro candidatos, Alckmin, Aécio, Serra e Tasso

FHC descarta concorrer à sucessão de Lula

Tuca Vieira/Folha Imagem
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante almoço com empresários no Fórum Empresarial em Comandatuba (BA)


JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A COMANDATUBA (BA)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não pleiteia se candidatar ao Palácio do Planalto em 2006 e lançou quatro pré-candidatos tucanos para a sucessão presidencial.
"Não sou candidato. Oito anos de presidente foram bastante. O PSDB tem bons quadros", afirmou FHC, citando, nesta ordem, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, Aécio Neves, governador de Minas Gerais, José Serra, presidente nacional do PSDB, e o senador Tasso Jereissati (CE).
Nas últimas semanas, o ex-presidente voltou ao centro do debate ao criticar o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Chegou a polemizar publicamente com o petista, o que deu força à tese de setores aliados e da oposição de que FHC prepara a sua volta para a Presidência daqui a dois anos.
Fernando Henrique participou ontem na ilha de Comandatuba, na Bahia, do Fórum Empresarial, encontro que dura até amanhã, cujos participantes compõem o Lide (Grupo de Líderes Empresariais). FHC falou por cerca de duas horas. Foi aplaudido de pé pelos empresários. Entre os presentes, estavam os presidentes da Vivo, Francisco Padinha, do banco HSBC, Emilson Alonso, da Souza Cruz, Nicandro Durante, e da Fiesp, Horacio Lafer Piva.
Ao responder perguntas dos presentes, Fernando Henrique cutucou o governo. Disse considerar "estapafúrdia" a contratação de mais 40 mil servidores públicos, conforme anunciou o governo federal. Disse que a medida "vai aumentar a máquina pública e a ineficiência" do setor. Foi aplaudido pelos empresários.
Antes, o ex-presidente já havia criticado a partidarização da máquina pública. Afirmou ser "normal", quando um partido ganha as eleições, que seus integrantes participem do governo, mas defendeu "limites". Fernando Henrique disse ser "grave" quando a máquina partidariza-se, mas o ex-presidente não citou o PT.

Crise política
Indagado pelos jornalistas sobre a crise política, aberta com o caso Waldomiro Diniz, ex-assessor do Palácio do Planalto, e a suposta paralisia no governo federal, FHC foi diplomático: "Não diria isso. Quando o governo está paralisado, o país está em crise. Podem haver críticas, o que é normal numa democracia. Não serei eu quem colocará dificuldades adicionais àquelas que o governo já tem e o povo está enxergando", declarou o ex-presidente.
Afirmou ainda que "esse ano o governo do presidente Lula sofreu muitos problemas, ficou um pouco embaralhado", disse. "Foi um momento, e eu espero que ele saia dessa", completou.
Segundo FHC, é mentira quando falam que os servidores não recebem aumento há dez anos. Disse que sua gestão priorizou algumas carreiras e concedeu reajuste a elas. Para ele, "aumento geral" torna o sistema mais desigual.
Quando foi questionado sobre o que não faria se pudesse voltar ao passado, o ex-presidente disse que teria promovido a desvalorização do real antes do que ocorreu, em janeiro de 1999.
Ao ser referir à necessidade de mudança no sistema tributário atual, que passou por uma reforma no ano passado, FHC disse: "Só se houver uma crise fiscal grave é que se consegue mexer. Certas questões [como a guerra fiscal] não se resolvem a frio".
Na avaliação de FHC, o "Estado brasileiro está numa crise fiscal. Não tem dinheiro, tem dívida, não tem condições de investir". Mas defendeu as privatizações feitas por seu governo.


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