São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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Dirceu decide ir à Justiça contra irmão de Daniel

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A assessoria de imprensa da Casa Civil da Presidência informou que o ministro José Dirceu vai entrar na Justiça contra o oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, que o acusou de receber dinheiro de propinas quando era presidente do PT.
João Francisco afirmou que Gilberto Carvalho, atual chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse a ele, dias depois do seqüestro do então prefeito, que levaria dinheiro de propina ao PT e entregaria a Dirceu em São Paulo.
A assessoria de Dirceu informou que ainda está sendo analisado o tipo de ação que será movida contra o irmão do prefeito. Carvalho informou, por meio da Secretaria de Imprensa do Planalto, que não iria comentar as declarações.
João Francisco fez a mesma acusação contra Dirceu, Carvalho, o empresário Sérgio Gomes da Silva e outras pessoas pela primeira vez em 24 de maio de 2002, em depoimento prestado ao Ministério Público de Santo André. Os detalhes do depoimento foram publicados pela Folha e outros órgãos de comunicação em 20 de junho.
"Gilberto chegou a mencionar, também, que arrecadou e entregou para o deputado José Dirceu a importância de R$ 1,2 milhão, em espécie, para a campanha municipal da cidade de São Paulo e também para a futura campanha nacional do Partido dos Trabalhadores", disse João Francisco, no depoimento aos promotores.
Em longa entrevista concedida à Folha em 21 de junho de 2002, João Francisco reafirmou as acusações. "Foi quando Gilberto [Carvalho] chegou a me dizer que entregou R$ 1,2 milhão para o José Dirceu de uma vez só", disse João Francisco, naquela entrevista.
Dias depois, o oftalmologista foi convocado a prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito aberta pela Câmara Municipal de Santo André para investigar a suposta criação de um caixa dois na prefeitura da cidade para alimentar campanhas eleitorais do PT. Na ocasião, ele reafirmou os depoimentos dados ao Ministério Público, à Folha e a outros órgãos da imprensa.
Em dezembro de 2003, depois que o Ministério Público anunciou a reabertura das investigações sobre o assassinato do prefeito, João Francisco, em entrevista exclusiva à Folha, preferiu não entrar no assunto, mas não negou as declarações dadas no ano anterior.
Ontem, em entrevista concedida ao jornal "O Estado de S. Paulo" após a entrevista coletiva convocada pela família para cobrar omissões nas investigações da Polícia Civil sobre o assassinato, João Francisco voltou a fazer as mesmas acusações contra Dirceu e Carvalho.
Na época da divulgação das denúncias de João Francisco, Carvalho, Dirceu e Sérgio Gomes da Silva negaram ter mantido o caixa dois. Em nota de 21 de junho de 2002, Dirceu disse ter lido "com indignação" as notícias com "denúncias infundadas e caluniosas".


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