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RIO
General cancela ida ao Estado; governador nega ter feito associação
Garotinho compara FHC a Beira-Mar
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou "maliciosa" a justificativa dada pelo governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), que o
comparou anteontem ao traficante Fernandinho Beira-Mar.
Por causa da comparação com o
traficante, o ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso,
cancelou sua presença numa cerimônia que aconteceria hoje pela
manhã no Palácio da Guanabara,
sede do governo fluminense.
Segundo nota do jornal "O
Dia", Garotinho comparou FHC
ao traficante Beira-Mar momentos antes de participar de um congresso do PC do B realizado anteontem na Câmara dos Deputados. No momento do congresso,
Beira-Mar estava depondo numa
comissão da Câmara. Questionado se assistiria ao depoimento do
traficante, Garotinho disse que
"queria distância dele".
"Aliás, ele está muito mais próximo de outro Fernando, o Fernandinho Beira-Lago", disse o governador, referindo-se ao lago Paranoá, que margeia a residência
de FHC, o Palácio da Alvorada.
Numa nota distribuída por sua
chefia de gabinete, no início da
tarde de ontem, Garotinho disse
que fez o comentário de forma genérica, "sobre fernandinhos", não
se referindo especificamente ao
presidente. Cópia dessa nota foi
enviada ao chefe de gabinete de
FHC, José Lucena Dantas, que a
repassou ao presidente.
No início da noite, o porta-voz
da Presidência, Georges Lamazière, disse que FHC havia tomado
conhecimento da comparação
apenas por meio do desmentido
feito pelo governador, mas que o
classificava de "malicioso". Segundo assessores de FHC, a comparação o deixou bastante irritado e mesmo decepcionado com a
atitude de Garotinho, por quem
FHC nutria respeito político.
O general Cardoso participaria
hoje de evento de lançamento do
Plano Nacional de Prevenção à
Violência, que envolve prefeituras
de 19 municípios de regiões metropolitanas do Rio, além de várias outras entidades, onde seriam liberados recursos de ordem
de R$ 395 milhões.
Ao todo, estariam presentes
mais de 400 pessoas no encontro,
que prossegue à tarde com um seminário técnico.
O general leu a nota no jornal
carioca ontem no início da manhã. Segundo a Folha apurou, ele
tomou a decisão de cancelar a viagem sem consultar FHC, depois
que, ao final da manhã, viu a confirmação da notícia pelas agências
de notícia na internet.
Ele teria considerado a afirmação "ofensiva à imagem do presidente". Oficialmente, não foram
divulgados os motivos para o cancelamento. "Não há o que ser dito", disse o coronel Santos, assessor do general Cardoso.
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