São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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RIO

General cancela ida ao Estado; governador nega ter feito associação

Garotinho compara FHC a Beira-Mar

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou "maliciosa" a justificativa dada pelo governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), que o comparou anteontem ao traficante Fernandinho Beira-Mar.
Por causa da comparação com o traficante, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, cancelou sua presença numa cerimônia que aconteceria hoje pela manhã no Palácio da Guanabara, sede do governo fluminense.
Segundo nota do jornal "O Dia", Garotinho comparou FHC ao traficante Beira-Mar momentos antes de participar de um congresso do PC do B realizado anteontem na Câmara dos Deputados. No momento do congresso, Beira-Mar estava depondo numa comissão da Câmara. Questionado se assistiria ao depoimento do traficante, Garotinho disse que "queria distância dele".
"Aliás, ele está muito mais próximo de outro Fernando, o Fernandinho Beira-Lago", disse o governador, referindo-se ao lago Paranoá, que margeia a residência de FHC, o Palácio da Alvorada.
Numa nota distribuída por sua chefia de gabinete, no início da tarde de ontem, Garotinho disse que fez o comentário de forma genérica, "sobre fernandinhos", não se referindo especificamente ao presidente. Cópia dessa nota foi enviada ao chefe de gabinete de FHC, José Lucena Dantas, que a repassou ao presidente.
No início da noite, o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse que FHC havia tomado conhecimento da comparação apenas por meio do desmentido feito pelo governador, mas que o classificava de "malicioso". Segundo assessores de FHC, a comparação o deixou bastante irritado e mesmo decepcionado com a atitude de Garotinho, por quem FHC nutria respeito político.
O general Cardoso participaria hoje de evento de lançamento do Plano Nacional de Prevenção à Violência, que envolve prefeituras de 19 municípios de regiões metropolitanas do Rio, além de várias outras entidades, onde seriam liberados recursos de ordem de R$ 395 milhões.
Ao todo, estariam presentes mais de 400 pessoas no encontro, que prossegue à tarde com um seminário técnico.
O general leu a nota no jornal carioca ontem no início da manhã. Segundo a Folha apurou, ele tomou a decisão de cancelar a viagem sem consultar FHC, depois que, ao final da manhã, viu a confirmação da notícia pelas agências de notícia na internet.
Ele teria considerado a afirmação "ofensiva à imagem do presidente". Oficialmente, não foram divulgados os motivos para o cancelamento. "Não há o que ser dito", disse o coronel Santos, assessor do general Cardoso.


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