São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Santander anuncia a FHC o fechamento de setor de análises que recomendou reduzir a exposição no país

Banco espanhol diz que aposta no Brasil

DO ENVIADO A MADRI

O banco espanhol Santander fez uma "aposta definitiva" no Brasil, que não mudará, ganhe quem ganhar a eleição de outubro. Palavra de Francisco Luzón, vice-presidente para América Latina do grupo cujo nome completo é BSCH (Banco Santander Central Hispano).
Uma aposta tão definitiva que a diretoria do banco levou ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso a informação de que fechou o departamento de análises que, recentemente, recomendou a redução da exposição no país.
"Não pegou bem para um banco varejista que tem 1.300 agências no Brasil", relata Miguel Jorge, assessor da diretoria do banco, também presente ao encontro entre Emílio Botín, o presidente do BSCH, Luzón e FHC.
"Estamos seguros da aposta no Brasil", disse Luzón aos jornalistas brasileiros, ao sair do encontro, em Madri. "Mesmo que Lula ganhe?", perguntou a Folha. "O Brasil já tem uma realidade institucional que está acima de uma eleição ou outra", respondeu.
Luzón cita a compra do Banespa como demonstração de que o BSCH fez "uma aposta a longo prazo" no país, que "não variará qualquer que seja o eleito".
Mas a aposta na Argentina não tem idêntica firmeza. Luzón diz que o grupo "não tem vocação de fechar agências em nenhuma situação", mas, quando a Folha perguntou se a aposta na Argentina era tão definitiva quanto no Brasil, preferiu escapar: "Vamos esperar para ver o que o presidente Eduardo Duhalde vai dizer".
Duhalde, como FHC, está em Madri para participar de duas cúpulas, uma entre a União Européia e todos os países da América Latina e do Caribe e, a outra, entre a UE e o Mercosul.
Depois do encontro com Botín e seus companheiros de BSCH, FHC almoçou com os pesos-pesados do empresariado espanhol com interesses no Brasil e na América Latina (Telefónica, Iberdrola, Endesa, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, Repsol).
A aposta no Brasil, anunciada por Luzón, foi reiterada pelo presidente da Iberdrola, Iñigo Oriol: "Tenho fé absoluta no Brasil". Mas, de novo, veio a falta de fé na Argentina, a grande inquietação manifestada pelos empresários, segundo o embaixador do Brasil na Espanha, Carlos Garcia. Chegaram até a perguntar que ajuda o Brasil dava e poderia dar adicionalmente ao vizinho. Resposta: o fato de a Argentina ter um formidável saldo comercial com o Brasil já é uma grande ajuda.
Antes do almoço, FHC recebeu o presidente e o secretário-geral da Fride (Fundação para Relações Internacionais e o Diálogo Exterior), que será seu novo empregador a partir de janeiro. Ele presidirá o Clube de Madri, formado por 22 ex-governantes para estimular a democracia e direitos humanos.
Falta apenas salário. "O cargo é puramente honorário", diz Antonio Alvárez, o secretário-geral. (CLÓVIS ROSSI)



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