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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Santander anuncia a FHC o fechamento de setor de análises que recomendou reduzir a exposição no país
Banco espanhol diz que aposta no Brasil
DO ENVIADO A MADRI
O banco espanhol Santander
fez uma "aposta definitiva" no
Brasil, que não mudará, ganhe
quem ganhar a eleição de outubro. Palavra de Francisco Luzón,
vice-presidente para América Latina do grupo cujo nome completo é BSCH (Banco Santander Central Hispano).
Uma aposta tão definitiva que a
diretoria do banco levou ontem
ao presidente Fernando Henrique
Cardoso a informação de que fechou o departamento de análises
que, recentemente, recomendou
a redução da exposição no país.
"Não pegou bem para um banco varejista que tem 1.300 agências no Brasil", relata Miguel Jorge, assessor da diretoria do banco,
também presente ao encontro entre Emílio Botín, o presidente do
BSCH, Luzón e FHC.
"Estamos seguros da aposta no
Brasil", disse Luzón aos jornalistas brasileiros, ao sair do encontro, em Madri. "Mesmo que Lula
ganhe?", perguntou a Folha. "O
Brasil já tem uma realidade institucional que está acima de uma
eleição ou outra", respondeu.
Luzón cita a compra do Banespa como demonstração de que o
BSCH fez "uma aposta a longo
prazo" no país, que "não variará
qualquer que seja o eleito".
Mas a aposta na Argentina não
tem idêntica firmeza. Luzón diz
que o grupo "não tem vocação de
fechar agências em nenhuma situação", mas, quando a Folha
perguntou se a aposta na Argentina era tão definitiva quanto no
Brasil, preferiu escapar: "Vamos
esperar para ver o que o presidente Eduardo Duhalde vai dizer".
Duhalde, como FHC, está em
Madri para participar de duas cúpulas, uma entre a União Européia e todos os países da América
Latina e do Caribe e, a outra, entre
a UE e o Mercosul.
Depois do encontro com Botín e
seus companheiros de BSCH,
FHC almoçou com os pesos-pesados do empresariado espanhol
com interesses no Brasil e na
América Latina (Telefónica, Iberdrola, Endesa, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, Repsol).
A aposta no Brasil, anunciada
por Luzón, foi reiterada pelo presidente da Iberdrola, Iñigo Oriol:
"Tenho fé absoluta no Brasil".
Mas, de novo, veio a falta de fé na
Argentina, a grande inquietação
manifestada pelos empresários,
segundo o embaixador do Brasil
na Espanha, Carlos Garcia. Chegaram até a perguntar que ajuda o
Brasil dava e poderia dar adicionalmente ao vizinho. Resposta: o
fato de a Argentina ter um formidável saldo comercial com o Brasil já é uma grande ajuda.
Antes do almoço, FHC recebeu
o presidente e o secretário-geral
da Fride (Fundação para Relações
Internacionais e o Diálogo Exterior), que será seu novo empregador a partir de janeiro. Ele presidirá o Clube de Madri, formado por
22 ex-governantes para estimular
a democracia e direitos humanos.
Falta apenas salário. "O cargo é
puramente honorário", diz Antonio Alvárez, o secretário-geral.
(CLÓVIS ROSSI)
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