São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ricardo Sérgio depõe na PF e abre mão de seu sigilo

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-diretor da Área Internacional do BB (Banco do Brasil) Ricardo Sérgio de Oliveira depôs anteontem no inquérito da PF (Polícia Federal) que investiga acusação de pagamento de propina no leilão da Telebrás e abriu mão, voluntariamente, de seu sigilo bancário.
A acusação de que teria cobrado propina de R$ 90 milhões para viabilizar o consórcio Telemar no leilão de privatização da Tele Norte Leste, em julho de 1998, é atribuída ao ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Segundo a assessoria da Superintendência da PF no Rio, o ex-diretor do Banco do Brasil disse que as acusações contra ele teriam motivação política.
Ricardo Sérgio foi arrecadador de fundos para campanhas do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O empresário foi ouvido pela delegada Patrícia Freitas, que também investiga o ex-diretor, em outro inquérito, por suspeita de crime contra o sistema financeiro na concessão da carta de fiança de R$ 874,2 milhões à empresa Solpart Participações, ligada ao grupo Opportunity, que comprou a Tele Centro Sul no leilão da Telebrás.
O ex-diretor passou oito horas na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, acompanhado de seu advogado José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça.

Lucro ao banco
Segundo a PF, Ricardo Sérgio justificou a atuação do Banco do Brasil na concessão de cartas de fiança a alguns grupos argumentando que essas operações garantiram lucro ao banco estatal, que recebeu 1% do valor afiançado.
Além do ex-senador Antônio Carlos Magalhães e de Ricardo Sérgio, já foi ouvido também o diretor de seguridade da Previ (o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil), Henrique Pizzolato.
Outras 55 pessoas ainda deverão ser interrogadas no inquérito. Segundo a PF, a documentação fiscal de pessoas físicas e jurídicas relacionadas a Ricardo Sérgio já está sendo analisada.
Em nota divulgada à imprensa, Ricardo Sérgio afirmou que compareceu espontaneamente à Polícia Federal para apresentar sua defesa e para manifestar sua contrariedade com as "injustas acusações e constrangimentos a que tem sido submetido".
Segundo a nota, ele negou "qualquer interferência indevida ou influência de sua parte que pudesse ensejar o pagamento ou recebimento de vantagens ilícitas durante o processo de privatização do Sistema Telebrás".
Leia a seguir a íntegra da nota divulgada ontem por Ricardo Sérgio de Oliveira:
 
"O sr. Ricardo Sérgio de Oliveira informa ter comparecido, acompanhado de seu advogado, dr. José Carlos Dias, no dia 15 de maio de 2002, à Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro a fim de prestar esclarecimentos em inquérito que apura denúncias do ex-presidente do Senado, sr. Antonio Carlos Magalhães.
A presença do sr. Ricardo Sérgio de Oliveira para firmar Termo de Declarações ocorreu de maneira espontânea, de acordo com a intenção do próprio declarante no esclarecimento de fatos e na apresentação de sua defesa contra as injustas acusações e constrangimentos a que tem sido submetido. Durante suas declarações, o sr. Ricardo Sérgio de Oliveira negou novamente qualquer interferência indevida ou influência de sua parte que pudesse ensejar o pagamento ou recebimento de vantagens ilícitas durante o processo de privatização do Sistema Telebrás.
Ricardo Sérgio de Oliveira
José Carlos Dias
Mauro Lopes - MVL Comunicação"



Texto Anterior: Marin fundou subsidiária que atuou em leilões
Próximo Texto: Governo: "É mais fácil ser estilingue", diz Marco Aurélio na Presidência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.