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Ricardo Sérgio depõe na PF e abre mão de seu sigilo
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-diretor da Área Internacional do BB (Banco do Brasil) Ricardo Sérgio de Oliveira depôs
anteontem no inquérito da PF
(Polícia Federal) que investiga
acusação de pagamento de propina no leilão da Telebrás e abriu
mão, voluntariamente, de seu sigilo bancário.
A acusação de que teria cobrado
propina de R$ 90 milhões para
viabilizar o consórcio Telemar no
leilão de privatização da Tele Norte Leste, em julho de 1998, é atribuída ao ex-senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA).
Segundo a assessoria da Superintendência da PF no Rio, o ex-diretor do Banco do Brasil disse
que as acusações contra ele teriam
motivação política.
Ricardo Sérgio foi arrecadador
de fundos para campanhas do
pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O empresário foi ouvido pela
delegada Patrícia Freitas, que
também investiga o ex-diretor,
em outro inquérito, por suspeita
de crime contra o sistema financeiro na concessão da carta de
fiança de R$ 874,2 milhões à empresa Solpart Participações, ligada ao grupo Opportunity, que
comprou a Tele Centro Sul no leilão da Telebrás.
O ex-diretor passou oito horas
na sede da Polícia Federal no Rio
de Janeiro, acompanhado de seu
advogado José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça.
Lucro ao banco
Segundo a PF, Ricardo Sérgio
justificou a atuação do Banco do
Brasil na concessão de cartas de
fiança a alguns grupos argumentando que essas operações garantiram lucro ao banco estatal, que
recebeu 1% do valor afiançado.
Além do ex-senador Antônio
Carlos Magalhães e de Ricardo
Sérgio, já foi ouvido também o diretor de seguridade da Previ (o
fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil), Henrique Pizzolato.
Outras 55 pessoas ainda deverão ser interrogadas no inquérito.
Segundo a PF, a documentação
fiscal de pessoas físicas e jurídicas
relacionadas a Ricardo Sérgio já
está sendo analisada.
Em nota divulgada à imprensa,
Ricardo Sérgio afirmou que compareceu espontaneamente à Polícia Federal para apresentar sua
defesa e para manifestar sua contrariedade com as "injustas acusações e constrangimentos a que
tem sido submetido".
Segundo a nota, ele negou
"qualquer interferência indevida
ou influência de sua parte que pudesse ensejar o pagamento ou recebimento de vantagens ilícitas
durante o processo de privatização do Sistema Telebrás".
Leia a seguir a íntegra da nota
divulgada ontem por Ricardo Sérgio de Oliveira:
"O sr. Ricardo Sérgio de Oliveira informa ter comparecido, acompanhado
de seu advogado, dr. José Carlos Dias,
no dia 15 de maio de 2002, à Superintendência Regional da Polícia Federal
no Rio de Janeiro a fim de prestar esclarecimentos em inquérito que apura
denúncias do ex-presidente do Senado, sr. Antonio Carlos Magalhães.
A presença do sr. Ricardo Sérgio de
Oliveira para firmar Termo de Declarações ocorreu de maneira espontânea, de acordo com a intenção do próprio declarante no esclarecimento de
fatos e na apresentação de sua defesa
contra as injustas acusações e constrangimentos a que tem sido submetido. Durante suas declarações, o sr. Ricardo Sérgio de Oliveira negou novamente qualquer interferência indevida
ou influência de sua parte que pudesse
ensejar o pagamento ou recebimento
de vantagens ilícitas durante o processo de privatização do Sistema Telebrás.
Ricardo Sérgio de Oliveira
José Carlos Dias
Mauro Lopes - MVL Comunicação"
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