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Judiciário volta a protestar no Rio
MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO
Em um ato político realizado no
Tribunal de Justiça do Rio, cerca
de 300 juízes estaduais, federais e
trabalhistas e integrantes do Ministério Público decidiram ontem
intensificar sua pressão sobre o
Congresso Nacional com o objetivo de mudar o projeto de reforma
da Previdência proposto pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"O que se espera do Parlamento
é a discussão das propostas, e não
que aceite que o governo nos empurre a reforma goela abaixo",
disse Nelson Tomaz Braga, presidente do TRT (Tribunal Regional
do Trabalho) da 1ª Região.
Além de Braga, participaram do
ato o presidente do TJ (Tribunal
de Justiça) do Rio, Miguel Pachá,
e o presidente da associação nacional dos membros do Ministério Público, Marfan Vieira. O procurador-geral de Justiça do Rio,
Antônio Vicente da Costa, não
compareceu.
"O déficit da Previdência é um
mito. Para o governo, usar dinheiro para pagar juros é certo, mas
para pagar aposentados é pecaminoso", disse Pachá.
Lobby
O lobby do Judiciário em Brasília começa hoje, quando uma comissão de associações de classe
entrega ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, uma pauta com as reivindicações da categoria.
O primeiro objetivo é garantir
que a comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o
projeto de reforma altere a proposta original do governo. Se, repetindo o que aconteceu na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), o texto não sofrer as mudanças esperadas, as associações
ameaçam radicalizar as ações.
"Se o texto da reforma for ao
plenário da maneira como está,
não descartamos a possibilidade
de paralisação e até mesmo de
uma greve por tempo indeterminado", declarou o presidente da
Amaerj (Associação dos Magistrados Estaduais do Rio), Luís Felipe Salomão.
Segundo Miguel Pachá, os pontos da reforma que mais incomodam o Judiciário são o fim da integralidade dos proventos e pensões, a taxação dos inativos, o fim
da paridade entre servidores da
ativa e aposentados e a alteração
dos limites de idade mínimos para a aposentadoria.
O desembargador Marcus Faver, ex-presidente do TJ do Rio,
afirmou que o Judiciário "é um
dos poderes políticos constituídos da nação" e deve agir como tal
na discussão das reformas.
"Temos a obrigação política de
velar pelo sistema democrático
brasileiro. Hoje, se enfraquece o
Judiciário. Amanhã, o Legislativo.
Isso, no futuro, pode causar descontinuidade democrática", afirmou o desembargador.
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