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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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TEORIA E PRÁTICA

Técnicos do banco assinam documento de economistas ligados ao PT, que foi lançado ontem no Rio

Economistas do BNDES endossam críticas à Fazenda

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O manifesto "A Agenda Interditada - Uma Alternativa de Prosperidade para o Brasil", contendo uma proposta de sete pontos para uma nova política econômica, é assinado por pelo menos 17 economistas do BNDES ou que estão prestando serviços à atual gestão do banco federal. O BNDES é responsável pelos empréstimos do governo para investimentos de longo prazo.
O documento de economistas ligados ou simpáticos ao PT, cujo conteúdo foi antecipado pela Folha na semana passada, foi lançado oficialmente ontem à tarde, com 299 assinaturas.
Entre as propostas estão o controle do fluxo de capitais externos, a administração do câmbio e a redução do superávit primário das contas públicas para combater o desemprego.
Entre os economistas do BNDES que assinaram o documento estão ocupantes de cargos de chefia, como a chefe do Departamento de Comércio Exterior, Mônica Esteves de Carvalho, o gerente do Departamento de Renda Variável da área de Infra-Estrutura, Alexandre Porciúncula Gomes Pereira, e o gerente do Departamento de Saúde e Educação, Walsey de Assis Magalhães.
Um dos articuladores do documento foi Maurício Dias David, assessor da presidência do banco e um dos coordenadores do programa econômico de Ciro Gomes, candidato derrotado do PPS à Presidência e hoje ministro da Integração Regional.
Outros nomes importantes para a confecção do documento são economistas que formam o corpo de professores de um curso de reciclagem sobre desenvolvimento econômico que o banco contratou na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Entre eles estão o coordenador do curso, Carlos Medeiros, e o subcoordenador, José Carlos de Assis.
A assessoria de imprensa do BNDES informou que o banco não controla opiniões dos seus empregados, desde que não as expressem em nome da instituição. Segundo a assessoria, o BNDES tem mais de mil técnicos, dos quais mais de 300 são economistas, sendo natural que apareçam opinando sobre assuntos contra ou a favor do governo.
Na versão do documento divulgada ontem na sede do Conselho Regional de Economia do Rio, foi suprimida da proposta número dois a parte que admitia até a "eliminação" do superávit das contas públicas. Segundo José Carlos de Assis, a mudança foi apenas "uma questão de texto para não entrar em detalhes que exigiriam um discurso para justificar".
O conjunto da proposta inclui a defesa da ampliação dos gastos públicos para financiar investimentos, a renegociação das dívidas de Estados e municípios com a União e a "redução significativa dos juros básicos".


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