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OPOSIÇÃO
Em entrevista ao site do PSDB, ex-presidente também criticou as reformas
Para FHC, Lula "exagera na dose" ao manter juros altos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua mais dura crítica ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acha que o governo
do PT "exagera na dose" ao manter a política fiscal apertada e os
juros altos. "O PT nada fez ainda.
Por enquanto, expressou apenas
intenções. Num único ponto seguiu mais de perto o que fizemos:
na política econômica. Mas, na
minha avaliação, exageraram na
dose", afirmou.
E continuou: "Não sou irresponsável, acho que tinham de fazer o que fizeram, subir a taxa de
juros, porque a inflação está aí",
diz FHC. O que ele questiona é a
manutenção dessa política por
tanto tempo. "Será que é preciso
manter por tanto tempo as taxas
de juros tão altas? Será que é preciso um recolhimento compulsório tão elevado sobre os depósitos
bancários, encolhendo ainda
mais um crédito que já é escasso?
Será que é preciso um superávit
primário tão elevado?"
O ex-presidente deu uma longa
entrevista ao site do PSDB na internet (www.psdb.org.br) a pretexto dos 15 anos do partido, que
se comemoram no próximo dia
25, e de um encontro de prefeitos
tucanos, hoje, em Brasília.
Na entrevista, o tucano criticou
o aparelhamento da máquina pública pelo PT, os termos da reforma da Previdência do governo, a
política de alianças de Lula e balizou os termos da oposição que
deve ser exercida pelo PSDB:
"É um episódio lastimável o que
assistimos agora, de novo. As pessoas são votadas para a oposição e
vão para o governo", disse. "Isso
não é possível. Está errado. Eu jamais procurei cooptar para o meu
ponto de vista o PT, o PSB, o PC
do B. E é perigoso o que está acontecendo agora, a organização de
um rolo compressor que avança
na oposição. O PSDB tem obrigação de ficar na oposição mesmo".
FHC afirmou que há "um retrocesso" na ocupação da máquina
pública pelos partidos aos quais o
PT se aliou para governar. "Quando se dá a um partido um setor do
governo, por exemplo, uma aduana qualquer ou uma [superintendência] da Receita, isso não pode.
É preciso evitar ao máximo o
clientelismo nisso aí".
O ex-presidente refere-se à entrega de áreas da Receita Federal a
partidos aliados de Lula. Segundo
ele, em seu governo as áreas de
decisão fundamental ficaram de
fora da "barganha política".
O tucano previu crescimento
negativo no segundo semestre, a
exemplo do primeiro. "Pequeno,
mas negativo." E ressalta: "Nunca
houve recessão nos oito anos de
governo do PSDB, nunca houve
crescimento negativo em nenhum trimestre. Agora houve e
provavelmente nesse segundo trimestre o fato vai se repetir". Para
o ex-presidente o país perdeu dois
anos em seu processo de crescimento econômico.
"Eu não posso concordar com a
idéia de que o PT está usando nossas teses. Não. Com algumas está
tentando ganhar credibilidade,
desdizendo o que sempre disseram", afirma FHC aos tucanos.
O ex-presidente afirmou ainda
que a suposta "herança maldita"
que o governo afirma ter recebido
na realidade foi feita pelo PT. "No
passado, o descontrole que nós
seguramos foi em função do medo, não foi propagado por nós,
mas pelas palavras que eles usaram durante anos".
FHC ironizou o aumento que o
governo deu ao funcionalismo, de
1%: "Os funcionários têm todas as
razões para estarem profundamente descontentes".
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