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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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NO AR

Sinais dúbios

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Da Globo, ontem:
- A semana começa com expectativa. Até quarta, a população saberá se a famosa Selic cai ou fica onde está.
Até lá, resta especular com o que diz o ministro da Fazenda.
Ontem pouco falou, só que "a queda dos juros não é suficiente para crescer", na Record. E anteontem disse, segundo a Globo, que "o controle da inflação tem sido vitorioso, mas não está terminado". Conclusão da Globo:
- Podem-se ler essas declarações de muitas formas. Não dá para fazer nenhuma previsão.
Conclusão da Jovem Pan:
- Ele deu sinais dúbios.
Mas a pressão continua. Para Míriam Leitão, "é evidente a queda da inflação em todos os índices -e derrubar a inflação foi o objetivo da elevação dos juros". Franklin Martins foi um pouco além, na CBN:
- Aqui em Brasília, todo o mundo aposta que haverá um início de derrubada. Nada espetacular, meio ponto, um ponto.
Foi a aposta de um economista ouvido pela Globo. Um entrevistado da Band News chutou dois pontos. De volta à argumentação de Franklin Martins:
- A área de manobra do governo não é tão grande. Para ele ter poder de fogo e aprovar as reformas, a taxa de juros é muito importante. Senão junta protesto de funcionários, empresários, sindicalistas, o caldeirão vai se formando e dificulta.
Ou seja, é decisão "técnica", mas "num ambiente político". A não ser que o Copom pouco se importe com Lula e as reformas.
 
No jogo de pressão, entrou em campo o comércio. A Globo abriu microfones para declarações carregadas de um lado, sem resposta do outro -os bancos.
Um entrevistado foi Marcílio Marques Moreira, presidente da Associação Comercial do Rio.
A certa altura, a emissora registrou que, nos juros ao consumidor, os bancos somam (à Selic) "14% de despesas, 29% de impostos, 17% de risco e 40% de lucro". Entra um economista:
- Não existe nenhum parâmetro no mundo que dê um retorno financeiro desse tamanho para um dinheiro emprestado.
Entra outro economista:
- Estamos falando de um setor oligopolizado, que estabelece mais ou menos uma concorrência entre si, mas em que todos estão praticando a mesma taxa. E que, por causa disso, precisa ser fiscalizado mais de perto.
Jogo pesado, como se vê -e que ajuda a entender a declaração do presidente da federação dos bancos à mesma Globo:
- É claro que a nossa torcida, que o nosso desejo, é que ela [a taxa de juros] se reduza. Para os bancos, também é ruim...
Agora só falta o Copom.


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