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NO AR
Sinais dúbios
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Da Globo, ontem:
- A semana começa
com expectativa. Até quarta, a
população saberá se a famosa
Selic cai ou fica onde está.
Até lá, resta especular com o
que diz o ministro da Fazenda.
Ontem pouco falou, só que "a
queda dos juros não é suficiente
para crescer", na Record. E anteontem disse, segundo a Globo,
que "o controle da inflação tem
sido vitorioso, mas não está terminado". Conclusão da Globo:
- Podem-se ler essas declarações de muitas formas. Não dá
para fazer nenhuma previsão.
Conclusão da Jovem Pan:
- Ele deu sinais dúbios.
Mas a pressão continua. Para
Míriam Leitão, "é evidente a
queda da inflação em todos os
índices -e derrubar a inflação
foi o objetivo da elevação dos juros". Franklin Martins foi um
pouco além, na CBN:
- Aqui em Brasília, todo o
mundo aposta que haverá um
início de derrubada. Nada espetacular, meio ponto, um ponto.
Foi a aposta de um economista ouvido pela Globo. Um entrevistado da Band News chutou
dois pontos. De volta à argumentação de Franklin Martins:
- A área de manobra do governo não é tão grande. Para ele
ter poder de fogo e aprovar as
reformas, a taxa de juros é muito importante. Senão junta protesto de funcionários, empresários, sindicalistas, o caldeirão
vai se formando e dificulta.
Ou seja, é decisão "técnica",
mas "num ambiente político". A
não ser que o Copom pouco se
importe com Lula e as reformas.
No jogo de pressão, entrou em
campo o comércio. A Globo
abriu microfones para declarações carregadas de um lado, sem
resposta do outro -os bancos.
Um entrevistado foi Marcílio
Marques Moreira, presidente da
Associação Comercial do Rio.
A certa altura, a emissora registrou que, nos juros ao consumidor, os bancos somam (à Selic) "14% de despesas, 29% de
impostos, 17% de risco e 40% de
lucro". Entra um economista:
- Não existe nenhum parâmetro no mundo que dê um retorno financeiro desse tamanho
para um dinheiro emprestado.
Entra outro economista:
- Estamos falando de um setor oligopolizado, que estabelece
mais ou menos uma concorrência entre si, mas em que todos
estão praticando a mesma taxa.
E que, por causa disso, precisa
ser fiscalizado mais de perto.
Jogo pesado, como se vê -e
que ajuda a entender a declaração do presidente da federação
dos bancos à mesma Globo:
- É claro que a nossa torcida,
que o nosso desejo, é que ela [a
taxa de juros] se reduza. Para os
bancos, também é ruim...
Agora só falta o Copom.
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