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BICICLETA ERGOMÉTRICA
Ministro critica também a indiferença da máquina administrativa e a compara a uma "doença incurável"
Burocracia paralisa governo, diz Cristovam
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Educação, Cristovam Buarque, aproveitou ontem
seu discurso a integrantes de sua
pasta reunidos em Brasília para
fazer duras críticas à burocracia e
à indiferença encontradas na máquina administrativa, que, segundo ele, "paralisam o governo".
Indiretamente, atacou também
a inércia e a falta de verba para o
setor da educação, apesar de dizer
que isso não será motivo para deixar de apresentar novos projetos e
tentar colocá-los em prática.
Cristovam disse ainda que há
"infinita capacidade de sermos
tolerantes com a tragédia".
"Depois de seis meses de governo, a gente já começa a se acostumar a ver meninos nas ruas com
olhos tolerantes", afirmou Cristovam, ao criticar o que ele classificou de indiferença gerada pela
burocracia. "A gente vai caindo
numa indiferença. É o maior medo que tenho, não só de nós aqui,
mas de todo o governo, que tem
proposta, compromisso revolucionário", concluiu o ministro.
Para Cristovam, a união de burocracia e indiferença paralisa o
governo. Mas fez a ressalva de que
a burocracia tem o seu papel, dizendo que não dá para romper
com ela. "A indiferença é a melhor aliada da burocracia. E a burocracia é a maior fábrica da indiferença. Quando junta a burocracia e a indiferença paralisa o governo". Afirmou também: "A indiferença começa a chegar aos 180
dias. E, ao chegar, ela fica. A indiferença é uma doença incurável".
As críticas foram feitas menos
de uma semana depois de a cúpula do PT ter se reunido com 25 dos
27 ministros para pedir que gastem os recursos orçamentários e
tirem do papel algumas medidas.
Nos primeiros cinco meses, os
investimentos mal passaram de
1% do autorizado no Orçamento,
ou seja, foram gastos R$ 149 milhões. No mesmo período, despesas com publicidade foram de 6%.
O discurso do ministro foi ouvido por cerca de cem dirigentes,
assessores e técnicos da Educação
no lançamento do Alinhamento
Estratégico 2003, que traz as 19
principais metas para o setor.
"Vamos atravessar os próximos
anos vivendo profundas crises e
dificuldades. Crises porque, para
fazer isso [cumprir as metas], vamos descontentar outras áreas.
Para fazer isso, tem de fazer reformas que descontentam grupos
que têm até razões para defender
seus interesses, mas eles se contrapõem a interesses maiores do
alinhamento", afirmou ele.
Dizendo que "se não vier o dinheiro de uma fonte, vamos atrás
de outra e, se não vier de outra,
vamos fazer sem dinheiro", reiterou que não há falta de verba, mas
a não-priorização do ensino.
"A falta de recursos não existe
pelo fato de o país não ter recursos, mas porque os outros movimentos são mais fortes do que o
educacionista. Aí eles conseguem
recursos para fazer coisas necessárias. Não estou falando de desperdício, mas dinheiro para fazer
mais estradas, mais aeroportos,
mais armazéns, para gastar mais
na saúde. São coisas necessárias,
mas temos de brigar pelo que
consideramos núcleo central da
transformação: a educação."
A Educação tem previsto para
este ano R$ 18,7 bilhões no Orçamento, dos quais R$ 4 bilhões são
destinados à aposentadorias.
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