São Paulo, quinta, 17 de julho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO AR
De volta ao real

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Esquecido diante do populismo eleitoral de FHC, Pedro Malan avisava na TV, semanas atrás, que a estabilidade "preocupa menos mas não pode ser esquecida".
Caíram as Bolsas e FHC lembrou. Ontem fez um discurso bem diverso dos mais recentes. Nada de Brasil em Ação, estradas ou viúvas. Uma frase, no Jornal Nacional, entre outros:
- Não haverá ano eleitoral capaz de demover-me da decisão tranquila de que o fundamental para o Brasil, para o povo é a manutenção do controle da inflação.
Era uma resposta a Sérgio Motta, que estava às suas costas e que, diante da crise, aproveitou para reclamar dinheiro para programas eleitorais. Outros trechos de FHC, até mais incisivos:
- O compromisso fundamental, pelo qual fui eleito, foi garantir a estabilidade... Os recursos (das privatizações) serão destinados, de maneira obsessiva, para que nós asseguremos esse controle das finanças públicas.
Nada para o Brasil em Ação. FHC está de volta ao mundo "real" -temporariamente afastado daquele outro, das fantasias de palanque.


- Alívio...
Foi das expressões mais ouvidas ontem, na Globo e em toda a cobertura da alta nas Bolsas brasileiras.
O discurso "obsessivo" de FHC, feito por volta do meio-dia, levou a uma recuperação de igual proporção à queda brusca do dia anterior. Os apresentadores afirmavam, entre sorrisos:
- Sinal de que a frente que esfriou investidores está indo para outras bandas.
E nem foi preciso esperar o fim do pregão para ouvir análises de especialistas na linha "nada mais previsível" do que a queda no pregão anterior, pois as Bolsas tinham subido demais blablablá.
"Nada mais previsível" do que prever o passado.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.