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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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PT X PT

Para sociólogo, reforma atende interesse privado

RAFAEL CARIELLO
ANTÔNIO GOIS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RECIFE

O sociólogo Francisco de Oliveira, um dos principais intelectuais ligados ao PT, afirmou que só interesses privados de integrantes do governo, aliados aos interesses dos fundos de pensão, podem explicar a reforma da Previdência.
"Esses sujeitos [membros do governo] pensam que estão reformando para melhorar o desempenho da economia. É espantoso. É espantoso se não houvesse interesse privado na jogada. Que pode dar dinheiro a eles, que eles não vão rasgar. Só não é espantoso se tiver essa condição, que são os fundos de Previdência privada", afirmou Oliveira.
Ele participava de um debate organizado pela Andes (sindicato que representa os professores universitários) sobre a reforma previdenciária, evento paralelo à 55ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Recife.
Segundo o sociólogo, a reforma está sendo "bolada" por pessoas que "estão todas numa espécie de nova classe social criada pelos fundos das empresas estatais". Oliveira não citou nenhum membro específico do governo.
Para Oliveira, os efeitos da reforma serão contrários aos anunciados pelo governo. Ele afirmou que a seguridade social é fundamental para o bom funcionamento da economia capitalista, por ser um seguro contra seus riscos e uma garantia de renda que a faça se mover nos momentos de crise.
"Com esse tipo de medida, a recessão só tende a aumentar", disse. Entre outras razões, ao diminuir a demanda na economia, ao poder vir a provocar, segundo ele, "um enorme arrocho salarial, de porte quase impensável".
Foi a seguridade social, afirmou, que reanimou as economias ocidentais após a Segunda Guerra. "É parte da política econômica, central em qualquer país. Se não tiver, quem vai para o brejo é a economia", afirmou.
"É por isso que disse ontem que o ministro da Previdência [Ricardo Berzoini] é mais ou menos um imbecil. Pode ser mais, pode ser menos, como todo erro estatístico", afirmou.
Avaliando os resultados prováveis da reforma previdenciária como "um regime de morte", o sociólogo disse que "é difícil acreditar que essa proposta tenha surgido de um governo de um partido de trabalhadores". "A grande balela é que se trata de uma reforma para fazer justiça social".


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