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PT X PT
Para sociólogo, reforma atende interesse privado
RAFAEL CARIELLO
ANTÔNIO GOIS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RECIFE
O sociólogo Francisco de Oliveira, um dos principais intelectuais
ligados ao PT, afirmou que só interesses privados de integrantes
do governo, aliados aos interesses
dos fundos de pensão, podem explicar a reforma da Previdência.
"Esses sujeitos [membros do
governo] pensam que estão reformando para melhorar o desempenho da economia. É espantoso.
É espantoso se não houvesse interesse privado na jogada. Que pode dar dinheiro a eles, que eles
não vão rasgar. Só não é espantoso se tiver essa condição, que são
os fundos de Previdência privada", afirmou Oliveira.
Ele participava de um debate organizado pela Andes (sindicato
que representa os professores
universitários) sobre a reforma
previdenciária, evento paralelo à
55ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Recife.
Segundo o sociólogo, a reforma
está sendo "bolada" por pessoas
que "estão todas numa espécie de
nova classe social criada pelos
fundos das empresas estatais".
Oliveira não citou nenhum membro específico do governo.
Para Oliveira, os efeitos da reforma serão contrários aos anunciados pelo governo. Ele afirmou
que a seguridade social é fundamental para o bom funcionamento da economia capitalista, por ser
um seguro contra seus riscos e
uma garantia de renda que a faça
se mover nos momentos de crise.
"Com esse tipo de medida, a recessão só tende a aumentar", disse. Entre outras razões, ao diminuir a demanda na economia, ao
poder vir a provocar, segundo ele,
"um enorme arrocho salarial, de
porte quase impensável".
Foi a seguridade social, afirmou,
que reanimou as economias ocidentais após a Segunda Guerra.
"É parte da política econômica,
central em qualquer país. Se não
tiver, quem vai para o brejo é a
economia", afirmou.
"É por isso que disse ontem que
o ministro da Previdência [Ricardo Berzoini] é mais ou menos um
imbecil. Pode ser mais, pode ser
menos, como todo erro estatístico", afirmou.
Avaliando os resultados prováveis da reforma previdenciária
como "um regime de morte", o
sociólogo disse que "é difícil acreditar que essa proposta tenha surgido de um governo de um partido de trabalhadores". "A grande
balela é que se trata de uma reforma para fazer justiça social".
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