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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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Brasil e Espanha acertam "plano de ação"

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O governo espanhol propôs ontem, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou no ato, organizar um "plano de ação estratégica" para aprofundar as relações entre os dois países. A idéia é "explorar todas as potencialidades da cooperação bilateral", conforme explicou, em entrevista coletiva ao lado de Lula, o presidente do governo espanhol, José María Aznar (primeiro-ministro).
A lista de situações e organizações em que o "plano de ação" interferirá é ampla: vai desde, como é óbvio, o relacionamento bilateral, até as negociações para a constituição da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), da qual a Espanha não é parte.
Para o governo brasileiro, tanto quanto um gesto diplomático de importância, a iniciativa "é também uma demonstração de confiança", diz o ministro do Exterior, Celso Amorim. Mais prático, seu colega da Fazenda, Antonio Palocci Filho, acha que o novo plano "pode ampliar os investimentos espanhóis no Brasil".
Aznar dá razão aos dois funcionários brasileiros: abriu a entrevista coletiva com a afirmação de que "o governo espanhol tem grande confiança na força e no futuro do Brasil". Depois, manifestou a impressão de que os investimentos não só se manterão como até aumentarão.
Não foi à toa que Lula disse, brincando, que o governo Aznar se apaixonara pelo Brasil.
Se estiver certo, não é para desprezar: a Espanha já é o maior investidor europeu no Brasil e tem um estoque acumulado de US$ 25 bilhões (ou 25 bilhões de euros, como prefere Aznar, o que daria quase US$ 30 bilhões).
O detalhamento do "plano de ação" será feito até outubro, quando Aznar visitará o Brasil, retribuindo a viagem que Lula encerrou ontem à Espanha.
Além do "plano de ação", os dois governos criaram um grupo de trabalho informal, composto por funcionários dos ministérios de Economia e Relações Exteriores, para "discutir temas comerciais ligados à negociação União Européia/Mercosul e também políticas de investimento e políticas macroeconômicas".
É um modelo similar ao que, faz apenas um mês, foi criado com o governo norte-americano, ambos, curiosamente, chefiados por políticos conservadores.
O aprofundamento da relação com a Espanha passa por seguidas garantias de parte do novo governo brasileiro de que seus investidores não sofrerão prejuízos em função de mudanças nas regras do jogo.
Lula foi, a esse respeito, de uma clareza que o PT, antes de rever suas posições, chamaria de "entreguista". Disse, na entrevista coletiva ao lado de Aznar: "Para nós, está claro que, quando reivindicamos investimentos, temos que garantir no mínimo a certeza de que ele terá a rentabilidade necessária e precisa ter garantias".
Lula aproveitou a coletiva para expor os pontos centrais de sua política externa. Entre eles, prioridade para o Mercosul e para a integração da América do Sul. Neste caso, todas as vezes que fala insiste na necessidade de os países ricos financiarem a infra-estrutura sul-americana.
Anunciou a Aznar que, no dia 8, os países sul-americanos elaborarão uma lista de obras prioritárias de infra-estrutura, que será submetida aos chefes de governo, em tempo de ser apresentada ao governante espanhol quando estiver no Brasil em outubro.


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