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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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NO BRASIL

Ex-presidente diz que petista agora vê como é difícil resolver problemas

FHC afirma que Lula pode muito menos do que pensa

DA REDAÇÃO

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou ontem, em entrevista ao portal Terra, que "Lula vai demorar um pouco para notar que pode muito menos do que ele pensa que pode". Segundo ele, "o presidente Lula está vendo como é difícil resolver muitos problemas".
Na opinião de FHC, "na área econômica o governo atual está correspondendo, mas em outras áreas está deixando a desejar". Ele considera que "os ministérios ainda não sabem o que fazer".
O ex-presidente disse, na entrevista ao "Jornal do Terra", que Lula tem "idéias generosas", mas "pouca ação prática", e comparou sua experiência antes de assumir o cargo com a do atual presidente: "Eu fiz uma espécie de escolinha de Presidência, porque fui ministro antes de assumir o governo".
Mas afirmou que não pensava em disputar o cargo: "Eu nunca pensei em ser presidente". O tucano disse que, em 1993, participou de articulações para apoiar a candidatura de Lula à Presidência e, depois, a de Antônio Britto (PMDB): "Fui a última opção".
Sobre as críticas de Lula aos seus programas sociais, FHC disse que "o que tem que fazer é melhorar, não colocar fogo às vestes". Em relação ao seu partido, o ex-presidente acha que o PSDB está agindo de forma correta, "sendo a favor do que é bom para o país".
Ele criticou a posição do PT durante sua gestão, acrescentando que "cabe ao PSDB ajudar o governo a aprovar o que for necessário para resolver questões importantes". Sobre o documento divulgado anteontem pelo partido, com críticas ao governo Lula, o ex-presidente sustentou não ter tomado conhecimento dele por estar fora do Brasil até ontem.
Em relação às reformas, FHC declarou que tentou fazer o máximo durante seu governo, mas que "reforma não é um ato de vontade", mas sim um processo: "Na minha gestão, demos alguns passos, o Lula vai dar outros, mas não vai resolver a questão".
Sobre a política externa, FHC disse que "o Brasil não foi submisso comigo nem é com o Lula", mas disse ser preciso "entender que o mundo teve suas margens de manobras reduzidas no último ano", com o fortalecimento da hegemonia dos Estados Unidos, que deixou todos de mãos atadas.
Na entrevista ao "Jornal do Terra", FHC disse que acha que José Serra deve refletir bastante sobre a possibilidade de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2004: "Ele tem muita chance e seria um ótimo candidato". Em relação à sucessão de Lula, em 2006, ele declarou que o partido tem cinco lideranças fortes: Tasso Jereissati, Geraldo Alckmin, Marconi Perillo, Aécio Neves e José Serra.
Descartou a possibilidade de voltar a disputar algum cargo: "Quem já foi presidente tem que respeitar sua vida, não ficar tentando outra vez. Quero cumprir minha função de ex-presidente".
O ex-presidente reafirmou que está criando um instituto com seu nome, para disponibilizar ao público documentos que reuniu ao longo de sua gestão na Presidência. O instituto será instalado em São Paulo. No futuro, o acervo será entregue para a USP. O orçamento do instituto deve girar em torno de R$ 120 a 150 mil por mês.
FHC revelou ainda ao portal Terra que está preparando um livro com o título provisório de "A Arte da Política". Sobre as recordações da sua gestão, declarou: "Sinto falta da piscina do palácio".


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