São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999 |
Próximo Texto | Índice
PAINEL De graça Mesmo tendo ficado à margem da reforma ministerial, ACM acabou se beneficiando de seu resultado. Ganhou de presente dois interlocutores dentro do Palácio do Planalto, onde, antes, só falava com FHC: Pedro Parente na Casa Civil e Aloysio Nunes Ferreira (seu relator na reforma do Judiciário) na Secretaria Geral. Informação é poder A brincadeira corrente entre deputados é que, a partir de segunda-feira, ACM vai poder telefonar para o Palácio do Planalto, ficar sabendo de tudo que está acontecendo, e ainda checar as informações com outra fonte -tudo isso antes de conversar com o presidente. Sina baiana Até segunda, FHC estava convencido a mudar no máximo quatro ministros. A decisão de ampliar a reforma foi tomada por pressão tucana para contrabalançar a repercussão negativa da ajuda à Ford, que beneficiava ACM. Paradoxalmente, o pefelista acabou ganhando na mudança ministerial também. Ops! FHC tropeçou na geografia ontem durante seu pronunciamento de rádio e TV sobre a reforma ministerial. Ao se referir à região Centro-Oeste, citou vários Estados e incluiu Tocantins -que pertence à região Norte. Gregos e troianos Em seu discurso ontem, ficou claro o esforço de FHC para das satisfação ao público interno (emprego e desenvolvimento) e ao externo (estabilidade) ao mesmo tempo. Será por esse fio da navalha que o presidente terá que se equilibrar se quiser implementar o que disse. Em cima da hora Ficou com ares de coisa improvisada o final da reforma ministerial anunciado ontem. A Secretaria de Políticas Urbanas, para onde acabou remanejado Ovídio de Angelis (Políticas Regionais), aliado de Iris Rezende, tinha tido sua extinção anunciada internamente dias antes. Lavando as mãos O grupo de Mendonção engoliu em seco a nomeação de Clóvis Carvalho para o Desenvolvimento. Avalia que a questão virou responsabilidade de FHC. Se houver políticas setoriais e a interlocução com o empresariado der certo, o gol será do presidente. Se der errado, a conta também será dele. Dupla perda Os desenvolvimentistas do PSDB não têm mesmo muito o que comemorar. FHC levou o time de Malan (Pedro Parente) para dentro do Planalto. E Clóvis Carvalho, que foi para o Desenvolvimento, sempre ficou ao lado da Fazenda nos confrontos entre Mendonção e a equipe econômica. Bode expiatório De um tucano cético quanto à solução dada por FHC para o Desenvolvimento: "Se não der certo, pelo menos FHC não poderá pôr a culpa no Lafer". Cabeça cheia Presidente do PPB, Maluf não quis falar com ninguém sobre o novo ministério. Amuado, hoje parte para mais uma viagem de veraneio na Europa. Detalhe: Pratini (Agricultura) é da ala do partido que mais o detona. Pra gringo ver Qualidades de Pedro Parente destacadas pelo Planalto aos credores brasileiros, via consultorias: é homem da equipe econômica, tem interlocução direta com os caciques políticos (sobretudo ACM) e experiência em negociações com o Congresso (tem articulado a votação do Orçamento). Tragédia peemedebista Enquanto FHC anunciava a reforma, Jader Barbalho assistia em Milão à opera Manon, a história de uma jovem seduzida a caminho do convento, que depois abandona o amante para viver com um primo rico. No final, presa e acusada de prostituição, Manon morre nos braços do amante. TIROTEIO Do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), sobre a escolha do advogado João Carlos Dias para o Ministério da Justiça: - Para um governo que já teve os escândalos do Sivam, da compra de votos, do grampo no BNDES e da ajuda ao banco Marka, até que não é má idéia levar um criminalista para o governo. CONTRAPONTO À flor da pele Enquanto articulavam nos bastidores para derrubar Clóvis Carvalho, publicamente os tucanos se praticavam tiro ao alvo contra o ministro da Justiça, Renan Calheiros (PMDB). O peemedebista aceitou a provocação. Ora respondia a Pimenta da Veiga (Comunicações), que acendeu o forno e manteve Calheiros em fogo brando, ora a Mário Covas, que selou sua sorte ao dizer que não o considerava bom ministro. O bate-boca elevou a tensão, que piorou ainda mais na terça passada quando uma pane nos telefones do ministério deixou Calheiros ainda mais isolado. Ana Gilda, coordenadora de gabinete do ministro, chamou a assistência técnica. Mas nem Ana, veterana de 18 ministros na Justiça, resistiu à tensão. Quando os técnicos chegaram, ela própria os mandou embora: - Isso aqui está muito tenso. Não mexam aí (nos telefones), não mexam aí! Resultado: o ministério ficou três dias sem telefone. E-mail: painel@uol.com.br Próximo Texto: FHC eleva sua cota, mas mantém as dos partidos Índice |
|