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Bezerra faz exigências para permanecer
RICARDO GALHARDO
enviado especial a Brasília
O senador Fernando Bezerra
(PMDB-RN), líder do governo no
Senado, prepara-se para assumir
o novo Ministério de Integração
Nacional sem saber o orçamento
que vai administrar, quando será
nomeado e onde ficará seu gabinete. Afirmou que pode sair do
governo caso não consiga obter o
que o presidente lhe prometeu
para trabalhar.
Leia os principais trechos da entrevista coletiva concedida ontem.
Pergunta - Quais serão as atribuições de seu ministério?
Fernando Bezerra - Repensar
os mecanismos de desenvolvimento das regiões mais pobres do
país -Nordeste, Norte e Centro-Oeste - e sobretudo integrá-las
ao país. O modelo existente foi
criado na época do Celso Furtado
(superintendente da Sudene de
1959 a 1964 e ministro do Planejamento de 1962 a 1963) e do Juscelino (Kubitschek, presidente da
República de 1956 a 1961) e envelheceu.
Pergunta - Como serão esses
mecanismos e de onde virão os
recursos para sua implantação?
Bezerra - Serão criadas agências
regionais de fomento que vão encampar as atuais superintendências (Sudam e Sudene) e, em uma
segunda etapa, os bancos regionais de desenvolvimento (Basa e
BND, hoje subordinados ao Ministério da Fazenda).
Existem hoje para essas regiões
cinco fundos destinados ao desenvolvimento. Três são fundos
constitucionais: o FNE (Nordeste), o FNO (Norte) e o FCO (Centro-oeste) além de dois outros
fundos, o Finor (Nordeste) e o Finam (Amazônia), todos operados
pelos bancos de desenvolvimento
regional e pelo Banco do Brasil.
O ato de criação do nova pasta
irá definir que a gestão desses fundos será do Ministério de Integração Nacional.
Pergunta - Mas ministro Pedro
Malan divulgou nota ontem (anteontem) dizendo que os bancos de desenvolvimento continuam vinculados à Fazenda.
Bezerra - Esses bancos vão sair
do mercado. Eles não têm como
competir com os bancos comerciais e serão transformados em
agências de desenvolvimento.
Não estou fazendo questão de ir
para o ministério para virar banqueiro.
Pergunta - Qual o prazo para
essa mudança?
Bezerra - Ainda não sei. Será
definido nos próximos 15 dias.
Pergunta - O que o faz acreditar que essa promessa será cumprida?
Bezerra - Acredito na palavra
do presidente e, caso isso não
ocorra, posso sair do ministério.
Pergunta - O presidente do
seu partido (PMDB), Jader Barbalho, divulgou nota dizendo
que a escolha dos ministros
peemedebistas é uma opção
pessoal de FHC, não do partido.
Isso significa que o PMDB pode
estar saindo do governo?
Bezerra - Não, acho fundamental a presença do PMDB. Afinal, se
eu não fosse do PMDB vocês
acham que eu seria ministro?
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