São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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Bezerra faz exigências para permanecer

RICARDO GALHARDO
enviado especial a Brasília

O senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), líder do governo no Senado, prepara-se para assumir o novo Ministério de Integração Nacional sem saber o orçamento que vai administrar, quando será nomeado e onde ficará seu gabinete. Afirmou que pode sair do governo caso não consiga obter o que o presidente lhe prometeu para trabalhar.
Leia os principais trechos da entrevista coletiva concedida ontem.

Pergunta - Quais serão as atribuições de seu ministério?
Fernando Bezerra -
Repensar os mecanismos de desenvolvimento das regiões mais pobres do país -Nordeste, Norte e Centro-Oeste - e sobretudo integrá-las ao país. O modelo existente foi criado na época do Celso Furtado (superintendente da Sudene de 1959 a 1964 e ministro do Planejamento de 1962 a 1963) e do Juscelino (Kubitschek, presidente da República de 1956 a 1961) e envelheceu.

Pergunta - Como serão esses mecanismos e de onde virão os recursos para sua implantação?
Bezerra -
Serão criadas agências regionais de fomento que vão encampar as atuais superintendências (Sudam e Sudene) e, em uma segunda etapa, os bancos regionais de desenvolvimento (Basa e BND, hoje subordinados ao Ministério da Fazenda).
Existem hoje para essas regiões cinco fundos destinados ao desenvolvimento. Três são fundos constitucionais: o FNE (Nordeste), o FNO (Norte) e o FCO (Centro-oeste) além de dois outros fundos, o Finor (Nordeste) e o Finam (Amazônia), todos operados pelos bancos de desenvolvimento regional e pelo Banco do Brasil.
O ato de criação do nova pasta irá definir que a gestão desses fundos será do Ministério de Integração Nacional.

Pergunta - Mas ministro Pedro Malan divulgou nota ontem (anteontem) dizendo que os bancos de desenvolvimento continuam vinculados à Fazenda.
Bezerra -
Esses bancos vão sair do mercado. Eles não têm como competir com os bancos comerciais e serão transformados em agências de desenvolvimento. Não estou fazendo questão de ir para o ministério para virar banqueiro.

Pergunta - Qual o prazo para essa mudança?
Bezerra -
Ainda não sei. Será definido nos próximos 15 dias.

Pergunta - O que o faz acreditar que essa promessa será cumprida?
Bezerra -
Acredito na palavra do presidente e, caso isso não ocorra, posso sair do ministério.

Pergunta - O presidente do seu partido (PMDB), Jader Barbalho, divulgou nota dizendo que a escolha dos ministros peemedebistas é uma opção pessoal de FHC, não do partido. Isso significa que o PMDB pode estar saindo do governo?
Bezerra -
Não, acho fundamental a presença do PMDB. Afinal, se eu não fosse do PMDB vocês acham que eu seria ministro?


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