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Sem prova para cassação, comissão quer depoimento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A falta de provas concretas para
justificar a abertura de um processo de cassação por quebra de
decoro contra Jader Barbalho
(PMDB-PA) está incomodando a
oposição, que vai tentar marcar já
para a próxima semana os depoimentos do presidente licenciado
do Senado e do inspetor do Banco
Central Abrahão Patruni Júnior.
Após 16 dias de funcionamento,
a comissão que investiga o senador ainda não encontrou nenhuma prova para acusar Jader por
quebra de decoro e, reservadamente, os parlamentares começam a admitir dificuldades para
propor a cassação. O prazo da comissão termina em 3 de setembro, e boa parte dos integrantes
tem defendido que Jader preste
depoimento ao final dos trabalhos. Ainda não há decisão de
convidar Patruni.
Além disso, sem poderes para
quebrar o sigilo fiscal de Jader, a
comissão enfrenta dificuldades
para ter acesso a declarações de
renda de suas empresas, cujo exame é necessário para apurar se Jader mentiu ao dizer que declarou
a compra de uma fazenda do empresário José Osmar Borges,
apontado pelo Ministério Público
Federal como sendo o maior fraudador da extinta Sudam.
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), que coordena a comissão,
disse que vai receber da "Veja"
cópias dessas declarações, mas,
não obtidas legalmente, elas não
poderão ser usadas como prova.
Tuma disse que, se o exame preliminar dos documentos mostrar
que a operação não foi lançada,
elas poderão ser usadas como indício de que ele mentiu, para propor abertura de processo por quebra de decoro. Jader, que esteve
ontem de manhã no Senado, tem
afirmado que a transação com
Borges está registrada e que está
disposto a mostrar as declarações.
Senadores de oposição acham
que Jader tem sido hábil em sua
defesa, porque tira proveito das
vitórias e evita explicar as acusações mais graves. Acham que ele
poderá entrar em contradições ao
ser interrogado diretamente, facilitando as investigações.
Jader decidiu fazer pronunciamento na quarta passada, aproveitando a desmoralização de
uma das acusações: os indícios de
que é montado o diálogo gravado
em uma fita e reproduzido na "IstoÉ", na qual o deputado estadual
Mário Frota (PDT-AM) acusaria
o senador de cobrar propina para
liberar recursos da Sudam.
Como resultado de estratégia
definida ontem pela oposição, Jefferson Péres (PDT-AM) deverá
propor a Tuma e a João Alberto
Souza (PMDB-MA) que Patruni e
Jader sejam chamados a depor na
próxima semana.
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