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Diretora de entidade
vai pedir interpelação
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretora regional da Abong
(Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais) Silvia Camurça quer explicações do
Exército sobre a espionagem de
ONGs que atuam na Amazônia,
revelada ontem pela Folha.
Ela vai pedir ao presidente da
entidade, Sérgio Haddad, que interpele judicialmente o Exército
para ter acesso aos relatórios secretos. Haddad considerou "estranho" o monitoramento das
ONGs, mas o atribui ao pensamento de um grupo de oficiais do
Exército e não da instituição.
"Acreditar no contrário é admitir a possibilidade de regressarmos a um período obscuro da história recente", disse, referindo-se
ao regime militar (1964-1985). Para ele, a ação das ONGs "é fruto da
saúde democrática do Brasil".
As entidades representadas pela
Abong defendem a tese da soberania brasileira com relação a
Amazônia, segundo Haddad. "A
Amazônia é um assunto que diz
respeito somente ao governo e à
sociedade do Brasil", afirmou.
Para a ambientalista Marluze
Santos, da Abong no Maranhão, a
espionagem é "autoritária". Ela
diz que é o governo brasileiro que
põe em risco a soberania em acordos como o firmado com os Estados Unidos para uso da base de
Alcântara (MA). Pelo acordo, o
Brasil não pode investir o dinheiro obtido com a cessão da base no
desenvolvimento de um veículo
lançador de satélites -os EUA temem eventual uso militar.
O ativista James Cavallaro, diretor da ONG Centro de Justiça Global, tachou a espionagem de "um
absurdo, algo que não pode existir num Estado democrático".
Segundo Cavallaro, as ONGs
não representam ameaça alguma
à região. "Só militar é capaz desse
tipo de raciocínio", disse.
O coordenador do Greenpeace
na Amazônia, Paulo Adário, ironizou a ação do Exército. "Eles
poderiam economizar tempo e
nos procurar. Nossas contas e atividades são públicas", disse. Segundo Adário, os dados coletados
pelos ativistas são repassados para órgãos como o Ibama.
Colaborou a Sucursal do Rio
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