São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997.



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Entenda o caso dos frangos

da Reportagem Local

A conexão uruguaia do Frangogate surgiu na esteira das investigações sobre as empresas envolvidas na venda de coxas e sobrecoxas de frango para a Prefeitura de São Paulo.
A venda foi feita pela empresa A D'Oro entre agosto de 1996 e fevereiro de 1997. Totalizou 823 toneladas de frango, a R$ 1,4 milhão.
O Ministério Público paulista levantou três principais dúvidas sobre o negócio:
1. a A D'Oro assumiu o negócio depois que a Sadia abandonou o fornecimento após três meses. Motivo: pediu um aumento no preço praticado. Para o promotor Alexandre de Moraes, deveria ter havido nova concorrência;
2. a empresa comprou, na mesma época da concorrência, frango vivo para abate da empresa Obelisco -de Sylvia e Ligia Maluf, mulher e filha de Paulo Maluf. Ou seja, o frango da empresa da primeira-dama chegava à prefeitura;
3. há dúvidas sobre eventual superfaturamento no fornecimento.
As empresas negam tanto o favorecimento pessoal quanto ilegalidades licitatórias.
Na sequência da investigação, que começou em abril, chegou-se à composição da A D'Oro e sua relação com o Uruguai via Rineos.
A Rineos é a maior acionista da A D'Doro e, nos últimos sete anos, investiu cerca de US$ 7 milhões na empresa dirigida pelos Lutfalla.
O Uruguai é notório paraíso fiscal de empresas brasileiras, mas até agora o Ministério Público não fez nenhuma insinuação a respeito de lavagem de dinheiro.
Há um movimento na Câmara Municipal de São Paulo, liderado pelo PT, pela criação de uma CPI sobre o caso. O requerimento pode ser até aprovado, mas a formação efetiva não deverá acontecer porque o prefeito Celso Pitta (PPB), afilhado político de Paulo Maluf, detém maioria na Casa.
Há também um inquérito criminal instaurado a pedido do Ministério Público. A diferença desse inquérito em relação ao presidido por Alexandre de Moraes é que ele visa checar a ocorrência de crime na venda de frango. (IG)



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