|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procurador diz não ter prova contra Serra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador Luiz Francisco de
Souza disse ontem que não tem
indícios ou provas para denunciar à Justiça o presidenciável José
Serra (PSDB-PMDB) por envolvimento numa negociação polêmica entre o empresário Gregorio
Marin Preciado, seu contraparente, e o Banco do Brasil.
Em 1995, Serra e Marin venderam um terreno que tinham em
sociedade no Morumbi, em São
Paulo. Naquele ano, o banco cobrava do empresário, na Justiça, o
pagamento de uma dívida que se
aproximou de R$ 80 milhões. Depois, Marin obteve um desconto
do débito de R$ 73 milhões.
O Banco do Brasil ajuizou ação
de cobrança no dia 25 de julho de
1995 contra as empresas Gremafer e Aceto, de Marin. Segundo levantamento do procurador, Serra
e o empresário, que é casado com
uma prima do tucano, teriam
vendido o terreno em setembro
daquele ano. "Tenho evidência de
que o terreno pertencente aos
dois foi vendido de forma irregular para evitar uma execução de
dívida da empresa de Gregorio
Marin Preciado com o Banco do
Brasil", disse Luiz Francisco.
"Mas não tenho evidência de
que o sr. Serra interferiu para que
o BB não executasse esse imóvel.
Por isso deixei ele de fora. Eu
menciono os fatos, mas por ética e
correção, resolvi não colocá-lo como réu na ação", afirmou.
Em maio deste ano, quando a
Folha noticiou o caso, Serra disse
que não procedia a informação de
que ele vendeu o imóvel depois
que o Banco do Brasil passou a
cobrar judicialmente o empresário Marin.
Serra disse que o terreno foi
vendido em 25 de abril de 1995,
antes, portanto, de o Banco do
Brasil fazer a cobrança judicial,
em julho daquele ano. Como a
venda foi parcelada em cinco vezes, ela somente foi registrada em
cartório em setembro, já que o pagamento foi finalizado em agosto.
Serra, na época, informou ter o
instrumento de compra e venda
com firma reconhecida em 25 de
abril daquele ano no cartório de
notas de São Bernardo do Campo.
Luiz Francisco promete ajuizar
hoje uma ação por improbidade
administrativa contra Marin e ex-dirigentes do Banco do Brasil devido à redução da dívida. Serra
deve ser citado na ação. Procurado pela Folha, Marin não foi
achado para comentar a intenção
do procurador de processá-lo.
O procurador classificou a venda do imóvel durante a execução
da dívida como uma irregularidade de gravidade "média". Mas
disse que as circunstâncias da
venda "são estranhíssimas".
Segundo ele, as citações sobre o
presidenciável na ação contra
Marin "não são ilações". "A gente
não está fazendo ilações sobre o
sr. Serra, estamos só descrevendo
na ação fatos que mostram o envolvimento dele com essas pessoas que obtiveram benefícios,
principalmente com Gregorio
Marin Preciado", afirmou.
PT
O coordenador político da campanha de Serra, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG), disse ontem que nem o PT nem Luiz Francisco podem negar "o evidente
vínculo político que os une".
Luiz Francisco disse que pediu
sua desfiliação do PT em junho de
1995. Pimenta, no entanto, distribuiu uma cópia do "Diário da Justiça" segundo o qual o procurador só se desfiliou em 1997.
"Custo a acreditar que um procurador com nítidos vínculos
partidários vá propor, a 15 dias da
eleição, uma ação judicial com tão
clara motivação política", disse
Pimenta.
Texto Anterior: Campanha: Lula e Serra já se atacam por TV e internet Próximo Texto: Procurador se coloca como "missionário" Índice
|