São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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Procurador diz não ter prova contra Serra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador Luiz Francisco de Souza disse ontem que não tem indícios ou provas para denunciar à Justiça o presidenciável José Serra (PSDB-PMDB) por envolvimento numa negociação polêmica entre o empresário Gregorio Marin Preciado, seu contraparente, e o Banco do Brasil.
Em 1995, Serra e Marin venderam um terreno que tinham em sociedade no Morumbi, em São Paulo. Naquele ano, o banco cobrava do empresário, na Justiça, o pagamento de uma dívida que se aproximou de R$ 80 milhões. Depois, Marin obteve um desconto do débito de R$ 73 milhões.
O Banco do Brasil ajuizou ação de cobrança no dia 25 de julho de 1995 contra as empresas Gremafer e Aceto, de Marin. Segundo levantamento do procurador, Serra e o empresário, que é casado com uma prima do tucano, teriam vendido o terreno em setembro daquele ano. "Tenho evidência de que o terreno pertencente aos dois foi vendido de forma irregular para evitar uma execução de dívida da empresa de Gregorio Marin Preciado com o Banco do Brasil", disse Luiz Francisco.
"Mas não tenho evidência de que o sr. Serra interferiu para que o BB não executasse esse imóvel. Por isso deixei ele de fora. Eu menciono os fatos, mas por ética e correção, resolvi não colocá-lo como réu na ação", afirmou.
Em maio deste ano, quando a Folha noticiou o caso, Serra disse que não procedia a informação de que ele vendeu o imóvel depois que o Banco do Brasil passou a cobrar judicialmente o empresário Marin.
Serra disse que o terreno foi vendido em 25 de abril de 1995, antes, portanto, de o Banco do Brasil fazer a cobrança judicial, em julho daquele ano. Como a venda foi parcelada em cinco vezes, ela somente foi registrada em cartório em setembro, já que o pagamento foi finalizado em agosto.
Serra, na época, informou ter o instrumento de compra e venda com firma reconhecida em 25 de abril daquele ano no cartório de notas de São Bernardo do Campo.
Luiz Francisco promete ajuizar hoje uma ação por improbidade administrativa contra Marin e ex-dirigentes do Banco do Brasil devido à redução da dívida. Serra deve ser citado na ação. Procurado pela Folha, Marin não foi achado para comentar a intenção do procurador de processá-lo.
O procurador classificou a venda do imóvel durante a execução da dívida como uma irregularidade de gravidade "média". Mas disse que as circunstâncias da venda "são estranhíssimas".
Segundo ele, as citações sobre o presidenciável na ação contra Marin "não são ilações". "A gente não está fazendo ilações sobre o sr. Serra, estamos só descrevendo na ação fatos que mostram o envolvimento dele com essas pessoas que obtiveram benefícios, principalmente com Gregorio Marin Preciado", afirmou.

PT
O coordenador político da campanha de Serra, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG), disse ontem que nem o PT nem Luiz Francisco podem negar "o evidente vínculo político que os une".
Luiz Francisco disse que pediu sua desfiliação do PT em junho de 1995. Pimenta, no entanto, distribuiu uma cópia do "Diário da Justiça" segundo o qual o procurador só se desfiliou em 1997.
"Custo a acreditar que um procurador com nítidos vínculos partidários vá propor, a 15 dias da eleição, uma ação judicial com tão clara motivação política", disse Pimenta.


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