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LEGISLATIVO
Campanha eleitoral esvazia Congresso Nacional e Assembléias Legislativas, diminui número de sessões e atrapalha votações
Perto dos votos, longe do trabalho
Flávio Florido/Folha Imagem
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Plenário da Assembléia Legislativa de São Paulo na última terça |
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O envolvimento de deputados e
senadores na campanha eleitoral
esvaziou o Congresso Nacional e
as Assembléias Legislativas espalhadas pelos Estados.
Em Brasília, Câmara e Senado
vivem "recesso branco". Os congressistas trocaram a capital pela
campanha em suas bases eleitorais. As ausências estão autorizadas por um acordo dos líderes
com os presidentes das duas casas, Aécio Neves e Ramez Tebet,
que também fazem campanha.
Votações, só em caso de urgência. Neste mês o Senado até realizou sessões deliberativas. Na Câmara só houve discursos. Na
quarta-feira passada, dia de maior
movimentação em tempos de votação, o plenário era ocupado por
estudantes de Samambaia (cidade-satélite de Brasília).
O esvaziamento se repete nas
Assembléias. Em São Paulo, os líderes de cada bancada têm feito
acordos para votar "pacotes" com
os principais projetos. O número
de sessões ordinárias caiu de cinco para três por semana.
No Paraná, houve tentativa de
punir as ausências, descontando
as faltas dos salários dos deputados, mas a medida não foi bem recebida pelos políticos.
A punição foi adotada pelo presidente da Assembléia Legislativa,
Hermas Brandão (PSDB), que resolveu reduzir de quatro para
duas as sessões da casa durante a
campanha eleitoral, mas condicionou as ausências ao corte dos
salários dos faltosos. A maioria
não seguiu a recomendação.
Os 54 deputados estaduais paranaenses recebem salário bruto de
R$ 6.280. A cada falta, R$ 670 são
descontados. Não houve alteração, porém, nos R$ 7 mil adicionais que os parlamentares recebem como "ajuda de custo" de
despesas de gabinete.
Os descontos anunciados provocaram protestos. Para Geraldo
Cartário (PSL), trata-se de "é demagogia em véspera de eleição".
Luciana Rafagnin (PT) foi a única
a ter salário integral. "O desconto
é péssimo, mas pelo menos a
campanha vai bem", disse Irineu
Colombo (PT), que teve descontada mais da metade do salário.
Na Assembléia do Pará, as sessões foram reduzidas de quatro
para duas por semana por causa
das eleições. Dos 41 deputados,
apenas um não concorre a algum
cargo nestas eleições.
Por conta do redução das sessões em 50%, os deputados deixaram de votar o pedido de abertura
de uma CPI que investigaria o crime organizado no Estado.
Em Pernambuco, os deputados
estaduais terão um dia a menos de
trabalho até o fim das eleições.
A decisão foi tomada pela Mesa
Diretora da Casa, em acordo com
líderes da oposição e do governo.
Ficou estabelecido que as reuniões plenárias serão realizadas
somente nas tardes de segunda a
quarta-feira, e não mais até a
quinta-feira, como ocorria.
Segundo levantamento feito pelo Departamento de Assistência
Legislativa da Assembléia, o quórum médio diário durante o mês
de agosto foi de 30 parlamentares.
A Assembléia tem 49 deputados.
A última sessão ordinária na
Assembléia Legislativa de Minas
Gerais ocorreu no dia 28.
O presidente da Assembléia, deputado Antônio Júlio (PMDB), já
havia causado polêmica no meio
político mineiro ao propor, meses
atrás, que os deputados só participassem de votações durante um
dia da semana na campanha.
A Assembléia do Ceará reduziu
pela metade o número de sessões
no período eleitoral -passou de
quatro dias por semana para dois.
A redução não foi suficiente para os deputados comparecerem às
sessões. Na última semana, não
houve sessões por falta de quorum nos dois dias --apenas 3
dos 41 deputados não disputam
nenhum cargo neste ano.
Ainda assim, o presidente da casa, Welington Landim (PSB), que
também é candidato a governador, reconvocou os deputados para uma nova sessão na próxima
terça-feira. Não há previsão de
punição no caso de novas faltas.
No Amazonas, a maioria dos
deputados votou a favor da redução do número de sessões de três
para apenas um dia da semana,
para se dedicar à campanha.
No Rio, foi mantida a agenda
normal das sessões, realizadas
três vezes por semana. Em agosto,
só faltou quórum mínimo (36 deputados) para uma sessão.
(FÁBIO GUIBU, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, KAMILA FERNANDES, KÁTIA BRASIL, LUIZA
DAMÉ, MARI TORTATO, MAURÍCIO
SIMIONATO E RANIER BRAGON)
Colaborou a Sucursal do Rio
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