São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PÉS NO CHÃO

Sem privilégios, dupla dorme sobre concreto e toma banho coletivo

Pai e filho reclamam de frio em cela

DA REPORTAGEM LOCAL

A prisão de Paulo Maluf e de seu filho Flávio completa hoje uma semana. Após passarem os dois primeiros dias detidos em uma sala administrativa adaptada para recebê-los, pai e filho dividem desde segunda-feira uma cela comum.
A transferência ocorreu após a divulgação de supostas regalias a que eles teriam tido direito.
De uma sala sem grades com porta de madeira, cama também de madeira e banheiro privativo, eles passaram para uma cela com grades, beliche de concreto e uma latrina, sobre a qual há um cano com água fria.
A cela tem cerca de 12 metros quadrados. Em frente ao beliche, há uma mesa com um banco. No fundo da cela, uma meia parede esconde o banheiro. O chão é de cimento queimado.
Dentro da cela, tudo é de concreto, o que faz com que o lugar seja muito gelado. Maluf e o filho reclamam que têm sentido frio. Um cano leva água fria para a cela. Uma vez por dia, é permitido banho quente em um chuveiro coletivo.
Na cela do ex-prefeito, estão espalhadas várias garrafas de água. Elas são usadas para escovar os dentes e lavar as mãos -não há pia.
Maluf reclamou da altura da cama de Flávio (o ex-prefeito dorme embaixo). Disse que tem medo que o filho, durante a noite, possa cair e se machucar.
"Eles não têm privilégio algum. Se alguém disser que têm, está mentindo", disse Jesse Ribeiro, amigo do ex-prefeito.
Em sua decisão, o juiz federal Luciano Godoy recomendou "cautela e sensatez" aos agentes públicos para que não haja humilhação aos presos.

Sindicância
O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, determinou a abertura de uma sindicância para apurar o motivo de o ex-prefeito e o filho terem sido presos em salas administrativas.
As salas eram usadas pela administração da carceragem, mas foram adaptadas.
No sábado, dia em que foram presos, a PF informou que os dois estavam em celas comuns. O fato de eles estarem em salas administrativas foi revelado depois por pessoas que entraram na carceragem.
As salas administrativas foram transformadas em "celas" pelo juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, que, ao ser detido na Operação Anaconda, disse que tinha direito a uma cela especial.
Rocha Mattos permaneceu algumas semanas na sala, até que o Ministério Público protestou e obrigou a transferência dele para uma cela comum, como de fato ocorreu.


Texto Anterior: Ex-prefeito ocupou vazio político deixado por Adhemar de Barros
Próximo Texto: Judiciário: Azeredo deve ser julgado na Justiça comum
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.