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PÉS NO CHÃO
Sem privilégios, dupla dorme sobre concreto e toma banho coletivo
Pai e filho reclamam de frio em cela
DA REPORTAGEM LOCAL
A prisão de Paulo Maluf e de
seu filho Flávio completa hoje
uma semana. Após passarem os
dois primeiros dias detidos em
uma sala administrativa adaptada para recebê-los, pai e filho dividem desde segunda-feira uma
cela comum.
A transferência ocorreu após a
divulgação de supostas regalias
a que eles teriam tido direito.
De uma sala sem grades com
porta de madeira, cama também de madeira e banheiro privativo, eles passaram para uma
cela com grades, beliche de concreto e uma latrina, sobre a qual
há um cano com água fria.
A cela tem cerca de 12 metros
quadrados. Em frente ao beliche, há uma mesa com um banco. No fundo da cela, uma meia
parede esconde o banheiro. O
chão é de cimento queimado.
Dentro da cela, tudo é de concreto, o que faz com que o lugar
seja muito gelado. Maluf e o filho reclamam que têm sentido
frio. Um cano leva água fria para
a cela. Uma vez por dia, é permitido banho quente em um chuveiro coletivo.
Na cela do ex-prefeito, estão
espalhadas várias garrafas de
água. Elas são usadas para escovar os dentes e lavar as mãos
-não há pia.
Maluf reclamou da altura da
cama de Flávio (o ex-prefeito
dorme embaixo). Disse que tem
medo que o filho, durante a noite, possa cair e se machucar.
"Eles não têm privilégio algum. Se alguém disser que têm,
está mentindo", disse Jesse Ribeiro, amigo do ex-prefeito.
Em sua decisão, o juiz federal
Luciano Godoy recomendou
"cautela e sensatez" aos agentes
públicos para que não haja humilhação aos presos.
Sindicância
O diretor-geral da PF, Paulo
Lacerda, determinou a abertura
de uma sindicância para apurar
o motivo de o ex-prefeito e o filho terem sido presos em salas
administrativas.
As salas eram usadas pela administração da carceragem,
mas foram adaptadas.
No sábado, dia em que foram
presos, a PF informou que os
dois estavam em celas comuns.
O fato de eles estarem em salas
administrativas foi revelado depois por pessoas que entraram
na carceragem.
As salas administrativas foram transformadas em "celas"
pelo juiz federal João Carlos da
Rocha Mattos, que, ao ser detido na Operação Anaconda, disse que tinha direito a uma cela
especial.
Rocha Mattos permaneceu algumas semanas na sala, até que
o Ministério Público protestou e
obrigou a transferência dele para uma cela comum, como de
fato ocorreu.
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