São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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Compra de dossiê é "abominável", diz Lula

Presidente defende Serra e diz que ele tem "experiência política" para explicar suposto envolvimento com sanguessugas

"Quem quiser fazer bandidagem, por favor, não queira o Lula como parceiro, porque não aceito esse tipo de coisa", disse petista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou considerar "abominável" que pessoas ligadas ao PT tenham sido presas tentando comprar um dossiê que ligaria o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, ao esquema dos sanguessugas. Lula, ao deixar Aracaju ontem de manhã, saiu também em defesa de Serra, ao dizer que ele tem "experiência política e história política" para explicar as acusações.
"Eu acho que um dossiê contra o Serra é um dossiê igual a tantos outros dossiês que circulam por esse país. Eu acho abominável as pessoas tentarem comprar notícias."
Anteontem, a Polícia Federal apreendeu US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão (cerca de R$ 1,7 milhão ao todo), em um hotel de São Paulo, em poder do petista Valdebran Carlos Padilha da Silva, empreiteiro mato-grossense, e de Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF. Eles estavam intermediando a compra de vídeos, fotos e documentos que mostrariam suposto envolvimento de Serra e de Geraldo Alckmin (PSDB) com o esquema.
Segundo Lula, a prática de distribuir dossiês em véspera de eleição é "uma coisa absurda". "Nessa época do ano, as denúncias aparecem como se fossem vendavais", disse.
Serra, segundo o presidente, não pode ser considerado culpado por antecipação. "O Serra tem experiência política, história política para explicar o que aconteceu. [...] Se amanhã o Serra não tiver culpa no cartório, quem é que vai dizer: olha, erramos. Se sair erramos, vai sair numa letrinha bem pequenininha, que ninguém nem vai conseguir saber", declarou.
Ao ser questionado sobre a acusação feita pelo empresário Luiz Vedoin, de que Serra teria conhecimento do esquema das ambulâncias, Lula respondeu: "Não faço julgamento. Há muito sensacionalismo".
Para o presidente, no Brasil as pessoas "têm uma facilidade imensa de condenar e tem uma timidez muito grande de perdoar". Lula afirmou que não participará de nenhuma tentativa de desqualificação de adversários. "A história do Brasil tem exemplos de pessoas que foram acusadas de matar pessoas, perderam a eleição e depois ficou por isso mesmo. Então, quem quiser fazer bandidagem, por favor, não queira o Lula como parceiro, porque não aceito esse tipo de coisa."
Lula disse que não conhece as pessoas que foram presas e, sem maiores explicações, deu um recado a quem tentou comprar o dossiê. "Se alguém fez isso, vai pagar o preço."

Bolívia
O presidente previu que haverá maior tranquilidade no relacionamento com a Bolívia após o pedido de demissão do ministro dos Hidrocarbonetos daquele país, Andrés Soliz Rada, considerado um radical. "Eu acho que agora as coisas entraram em maior tranqüilidade, na medida em que um ministro pede demissão." Rada é considerado o idealizador da nacionalização das refinarias da Petrobras no país.
"O melhor caminho para a Bolívia é atrair capital estrangeiro. Mas para que um investidor coloque dinheiro é preciso que haja, primeiro, tranqüilidade política e que haja seriedade jurídica."


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