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Compra de dossiê é "abominável", diz Lula
Presidente defende Serra e diz que ele tem "experiência política" para explicar suposto envolvimento com sanguessugas
"Quem quiser fazer bandidagem, por favor, não queira o Lula como parceiro, porque não aceito esse tipo de coisa", disse petista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou considerar
"abominável" que pessoas ligadas ao PT tenham sido presas
tentando comprar um dossiê
que ligaria o candidato do
PSDB ao governo de São Paulo,
José Serra, ao esquema dos
sanguessugas. Lula, ao deixar
Aracaju ontem de manhã, saiu
também em defesa de Serra, ao
dizer que ele tem "experiência
política e história política" para
explicar as acusações.
"Eu acho que um dossiê contra o Serra é um dossiê igual a
tantos outros dossiês que circulam por esse país. Eu acho
abominável as pessoas tentarem comprar notícias."
Anteontem, a Polícia Federal
apreendeu US$ 248,8 mil e R$
1,168 milhão (cerca de R$ 1,7
milhão ao todo), em um hotel
de São Paulo, em poder do petista Valdebran Carlos Padilha
da Silva, empreiteiro mato-grossense, e de Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF. Eles estavam intermediando a compra de vídeos, fotos e documentos que mostrariam suposto envolvimento de
Serra e de Geraldo Alckmin
(PSDB) com o esquema.
Segundo Lula, a prática de
distribuir dossiês em véspera
de eleição é "uma coisa absurda". "Nessa época do ano, as denúncias aparecem como se fossem vendavais", disse.
Serra, segundo o presidente,
não pode ser considerado culpado por antecipação. "O Serra
tem experiência política, história política para explicar o que
aconteceu. [...] Se amanhã o
Serra não tiver culpa no cartório, quem é que vai dizer: olha,
erramos. Se sair erramos, vai
sair numa letrinha bem pequenininha, que ninguém nem vai
conseguir saber", declarou.
Ao ser questionado sobre a
acusação feita pelo empresário
Luiz Vedoin, de que Serra teria
conhecimento do esquema das
ambulâncias, Lula respondeu:
"Não faço julgamento. Há muito sensacionalismo".
Para o presidente, no Brasil
as pessoas "têm uma facilidade
imensa de condenar e tem uma
timidez muito grande de perdoar". Lula afirmou que não
participará de nenhuma tentativa de desqualificação de adversários. "A história do Brasil
tem exemplos de pessoas que
foram acusadas de matar pessoas, perderam a eleição e depois ficou por isso mesmo. Então, quem quiser fazer bandidagem, por favor, não queira o Lula como parceiro, porque não
aceito esse tipo de coisa."
Lula disse que não conhece
as pessoas que foram presas e,
sem maiores explicações, deu
um recado a quem tentou comprar o dossiê. "Se alguém fez isso, vai pagar o preço."
Bolívia
O presidente previu que haverá maior tranquilidade no relacionamento com a Bolívia
após o pedido de demissão do
ministro dos Hidrocarbonetos
daquele país, Andrés Soliz Rada, considerado um radical.
"Eu acho que agora as coisas
entraram em maior tranqüilidade, na medida em que um
ministro pede demissão." Rada
é considerado o idealizador da
nacionalização das refinarias
da Petrobras no país.
"O melhor caminho para a
Bolívia é atrair capital estrangeiro. Mas para que um investidor coloque dinheiro é preciso
que haja, primeiro, tranqüilidade política e que haja seriedade
jurídica."
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