São Paulo, quarta, 17 de setembro de 1997.



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RELIGIÃO
Empresas licenciadas pela arquidiocese do Rio de Janeiro procuram alternativas para aumentar as vendas
Produto ligado à visita do papa encalha

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio


Os negócios não vão bem para empresas licenciadas pela arquidiocese do Rio para vender produtos ligados à visita de João Paulo 2º, de 2 a 5 de outubro.
"Imaginamos uma coisa e está sendo outra. Estamos vendendo pouco", disse Ronaldo Barcelos, dono da Dirt Factory, empresa licenciada para vender camisetas e bonés alusivos à visita do papa.
"Se fosse para o pessoal da Igreja Universal, já teria vendido tudo. Pensei que o papa tivesse mais apelo popular", disse José Martins, da J. Martins dos Santos e Cia. Ltda, autorizada a vender chaveiros e medalhas.
Alguns dos licenciados estão desistindo de fabricar os produtos licenciados. Sérgio Conde, da Pianco Confecções, deixou de lado a idéia de fazer camisas pólo com a logomarca da visita e está fabricando apenas camisetas com uma foto do papa.
"Não houve nenhuma procura e eu desisti. Fiz só algumas peças-piloto. Como nenhum revendedor se interessou, abandonei a idéia."
José Henrique Teixeira, da Tecnoplate Tratamentos Superficiais Ltda, abandonou a produção de adesivos, etiquetas e adesivos imantados e concentrou sua produção nos chaveiros.
"Mesmo assim, a venda está sendo menor do que se poderia imaginar. Estou evitando fazer estoque, só produzo quando há pedidos", afirmou.
Teixeira havia previsto produzir cerca de 40 mil chaveiros. Até agora, sua fábrica só fez 6.000.
Situação mais difícil é a da empresa Batil Indústria e Comércio, autorizada a fabricar pôsteres. A empresa investiu cerca de R$ 100 mil para produzir 500 mil pôsteres. Só vendeu 15 mil.
"Não recuperei nem 5% de meu investimento. As empresas só aceitam a mercadoria sob consignação, o que deixa o risco do negócio todo em nossas mãos", disse Antonio Salermo, diretor.
Reduzir riscos
Para tentar diminuir os riscos, Salermo está montando um esquema alternativo de venda. Decidiu deixar os pôsteres sob consignação apenas até dia 30 de setembro. Depois, pretende recolher todo o material para tentar vendê-lo nos locais onde o papa estará.
Para isso, vai mobilizar funcionários da empresa. "Vou colocar o pessoal na rua vendendo os pôsteres. Preciso fazer algo", disse.
Semana passada, alguns pôsteres foram levados para Saquarema (a 102 km do Rio), onde haveria uma festa em homenagem à padroeira da cidade. "Só vendemos 13 pôsteres. Parece até mentira", disse.
Os licenciados esperam que com a proximidade da visita os negócios melhorem. "Brasileiro tem mania de deixar tudo para em cima da hora. Pode ser que dê para pelo menos recuperar o investimento", afirmou Teixeira. "Esperava vender cerca de R$ 100 mil, mas agora, se chegar aos R$ 45 mil fico feliz", disse Barcelos.
A arquidiocese também conta com a proximidade da chegada do papa para uma melhora.
"O período de ouro das vendas acontecerá mais próximo da visita, mas as pessoas precisam ter cautela e bom senso ao fazer seus estoques", afirmou Jomar Pereira, coordenador de comunicação e marketing da comissão responsável pelos licenciamentos.
Setenta empresas já foram licenciadas. Pelos cálculos iniciais da arquidiocese, as vendas deveriam movimentar cerca de R$ 5 milhões. De acordo com os contratos firmados, as empresas repassariam 10% para a arquidiocese.



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