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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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ORÇAMENTO

Declaração de Marta irrita senadores, que podem dificultar aprovação

Bancada do Nordeste reage e ameaça empréstimo a SP

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As declarações da prefeita Marta Suplicy (PT) atribuindo a uma ""manifestação do Nordeste contra o Estado e a cidade de São Paulo" o adiamento da votação de uma operação de crédito entre a prefeitura e o BNDES, por uma comissão do Senado, provocou reações indignadas de senadores de várias regiões. PFL e PSDB estão dispostos a dificultar ainda mais a aprovação do empréstimo.
""Com essas declarações, a prefeita complicou a vida dela. Ela mexeu com o brio de várias pessoas e ofendeu senadores do Nordeste. A posição do meu partido é não facilitar as coisas", disse o líder tucano Arthur Virgílio (AM).
""Definitivamente, essa prefeita é uma preconceituosa", afirmou o líder do PFL, José Agripino (RN).
Por sugestão do presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), a Comissão Executiva Nacional do partido aprovou moção de solidariedade aos senadores nordestinos contra o que ele considerou ""acusações injustas e despropositadas" da prefeita de São Paulo.
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) classificou o empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a prefeitura como "um absurdo" por extrapolar os limites de endividamento do município, fixados por resolução do próprio Senado.
""Não se pode rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal por causa dos caprichos de dona Marta", disse ACM, em aparte a Demóstenes Torres (PFL-GO), que subiu à tribuna para criticar a prefeita.
Para o goiano, a declaração da prefeita foi ""uma coisa de má-fé, gratuita e preconceituosa". Segundo Torres, ela reagiu com agressividade a críticas lógicas.
Em reunião na terça, senadores do PFL e do PSDB, de diferentes regiões, questionaram a legitimidade de uma operação de crédito entre a Prefeitura de São Paulo e o BNDES, no valor de R$ 493,8 milhões, que precisa ser ratificada pelo Senado. Os recursos são para a implementação da segunda etapa do Programa de Implantação do Sistema Integrado de Transporte Urbano de Passageiros.
Os senadores da oposição alegaram que a prefeitura já extrapolou o limite de endividamento para São Paulo, fixado em resolução do próprio Senado, e que a cidade não poderia contratar novos empréstimos. Para esclarecer essas questões, os integrantes da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) decidiram chamar o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e o presidente do BNDES, Carlos Lessa, a uma audiência pública nesta terça-feira.

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