São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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JOGO NACIONAL

Paulo Souto disse esperar melhor tratamento do governo Lula nas questões administrativas

Eleição deve reforçar PFL "de oposição", afirma governador

João Wainer/Folha Imagem
O governador da Bahia, o pefelista Paulo Souto, em entrevista


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PFL deve sair da eleição mais à oposição do que entrou. A afirmação não é de um líder de oposição ao governo Lula, mas do governador da Bahia, Paulo Souto.
Queixando-se do "calvário" para obtenção de financiamento na Caixa Econômica Federal, por exemplo, Souto diz que esperava do governo federal "uma atitude de maior boa vontade" nas questões administrativas para corresponder ao apoio da bancada do PFL baiano. Ainda assim, Souto diz que o "PFL erra na dose" ao fazer oposição sistemática. "Não consigo. Pode ser que até alguém faça. Eu não".
 

Folha - O carlismo está sendo derrotado em Salvador?
Paulo Souto -
Estamos em plena disputa. E, ainda que se tenha um resultado desfavorável, não vejo nenhum motivo para se falar em derrota. Tivemos 60% dos votos da Bahia. Ganhamos 335 dos 417 municípios. Ganhamos em muitas grandes cidades. Tomamos de volta duas ou três grandes prefeituras que estavam com o PT. O resultado é extremamente favorável. Não há dúvida de que Salvador é politicamente importante. É um fato que considero normal em política e não nos desanima.

Folha - O sr. se sente reprovado?
Souto -
Não é o que mostram as pesquisas. A população tem ótima imagem do prefeito [Antônio] Imbassay [PFL] e sabe como o Estado ajudou a transformar a cidade. A eventualidade de um resultado desfavorável é uma contingência normal, não aponta na direção de qualquer queda do poder político do nosso grupo.

Folha - Como é mais fiel ao governo do que o PDT, o PFL-BA esperava o apoio do PT em Salvador?
Souto
Nunca. Somos adversários. Vamos ser adversários.

Folha - O senador Antonio Carlos Magalhães se incomodou com o PT.
Souto -
Não quero comentar.

Folha - Nunca esperou que o PT fosse neutro em agradecimento ao apoio do PFL no Congresso?
Souto -
O PT deveria apoiar o PFL e não o PDT? Não tem nada a ver. O que talvez fosse justo era esperar do governo uma atitude de maior boa vontade nas questões de natureza administrativa. Somos tratados entre a normalidade e abaixo da normalidade. Nunca pedi isso. Mas não vi em nenhum momento tratamento que correspondesse à atitude da bancada, que votou como governo. Nada que correspondesse ao tratamento nas questões administrativas.

Folha - Por exemplo?
Souto -
É muita coisa. O calvário das negociações do financiamento da Caixa Econômica Federal. Os financiamentos de saneamento só foram feitos após seis meses de negociação. O Prodetur está para ser assinado e, desrespeitando a uma liminar do STF, o governo federal até hoje coloca óbice à assinatura do contrato. O primeiro é de US$ 10 milhões.

Folha - Como o PFL sai das eleições? Mais à oposição?
Souto -
Essa seria uma tendência. Apesar de reconhecer que o partido pode caminhar um pouco mais para a oposição, de forma nenhuma me sinto confortável para acompanhá-lo quando ele for contra certas questões que considero de interesse do país. Mesmo de oposição, não podemos fazer o que o PT fazia no passado. Não consigo. Pode ser que até alguém faça. Eu não.

- Folha - A expectativa de que haveria saída do grupo do PFL para outro partido...
Souto -
Não tenho motivo.

Folha - Então o PFL marcha unido na oposição?
Souto -
Não sei. A figura do PFL como partido de oposição vai continuar. Pode ter uma configuração de oposição mais sistemática e pode ter uma na qual me sinto mais confortável, que não se negue a discutir e a aprovar os projetos de interesse do país.

Folha - O partido erra quando faz oposição sistemática?
Souto
Erra. Vale a retrospectiva do PT, que agora se cerca de instrumentos para ser um partido hegemônico. Isso pode justificar uma posição mais sistemática. O partido às vezes erra a dose. O PFL não deve virar o PT do passado. O eleitorado não espera isso.

Folha - O sr. defende o lançamento de candidatura do PFL em 2006?
Souto -
Se houver nomes à época... Se não, procuramos aliança.

Folha - E Cesar Maia (PFL)?
Souto -
Não tenho dúvida de que é nome que está despontando.

Folha - E Alckmin (PSDB)?
Souto -
Ótimo governador, um ótimo político. São dois políticos que admiro, do meu gosto.

Folha - O sr. diz que apoiará projetos interessantes. A transposição do Rio São Francisco...
Souto -
Não é um projeto interessante. É lógico, do ponto de vista técnico, econômico e ambiental? Não. Não é prioritário.


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