São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Assessor de Azeredo culpa o tesoureiro por caixa dois

"Você já viu tesoureiro contar que fez caixa dois?", diz Carlos Eloy Guimarães

Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998, não foi localizado

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Coordenador-geral da campanha à reeleição, em 1998, do então governador de Minas Gerais e hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o advogado e ex-deputado Carlos Eloy Guimarães, 72, disse que o caixa dois em campanhas eleitorais é um segredo de tesoureiro.
"O caixa dois de uma campanha é igualzinho ao que uma empresa privada faz: tesoureiro vai contar para alguém? Você já viu tesoureiro de empresa contar que fez caixa dois?", disse Guimarães, ao negar que soubesse do caixa dois na campanha que coordenou. O tesoureiro da campanha do PSDB em 1998, Cláudio Mourão, não foi localizado ontem pela Folha.
Indiciado sob suspeita de peculato (crime de servidor que usa o cargo para desviar recursos) no inquérito da Polícia Federal que investiga o valerioduto tucano de 1998, Guimarães disse que só atuou como coordenador político da campanha, embora conste oficialmente como coordenador-geral.
Ele disse ter recebido a ajuda de Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG), então vice-governador de Azeredo e hoje ministro das Relações Institucionais. Walfrido é suspeito de ter participado do comando financeiro da campanha, o que ele nega. Também quitou, por meio de Marcos Valério, dívida de R$ 700 mil de Azeredo com Mourão -Walfrido diz que o fez por amizade ao senador.
"O Walfrido sempre participou [da campanha]. Sempre tratei com ele de assuntos políticos, financeiros nunca", disse Guimarães, ex-secretário de Obras de Minas (1979-1982) e deputado estadual de 1963 a 1979 e federal de 1979 a 1987, pela UDN, Arena e PFL (DEM).
Segundo a PF, ao menos R$ 28,5 milhões em recursos irregulares financiaram a campanha de Azeredo e aliados, em esquema operado por meio de agências de Valério. Os gastos declarados à Justiça eleitoral foram de R$ 8,5 milhões. Mourão reconheceu que as despesas chegaram a R$ 20 milhões, mas isentou Azeredo de responsabilidade pelo caixa dois.


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