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Assessor de Azeredo culpa o tesoureiro por caixa dois
"Você já viu tesoureiro contar que fez caixa dois?", diz Carlos Eloy Guimarães
Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998, não foi localizado
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Coordenador-geral da campanha à reeleição, em 1998, do
então governador de Minas Gerais e hoje senador Eduardo
Azeredo (PSDB-MG), o advogado e ex-deputado Carlos Eloy
Guimarães, 72, disse que o caixa dois em campanhas eleitorais é um segredo de tesoureiro.
"O caixa dois de uma campanha é igualzinho ao que uma
empresa privada faz: tesoureiro vai contar para alguém? Você já viu tesoureiro de empresa
contar que fez caixa dois?", disse Guimarães, ao negar que
soubesse do caixa dois na campanha que coordenou. O tesoureiro da campanha do PSDB em
1998, Cláudio Mourão, não foi
localizado ontem pela Folha.
Indiciado sob suspeita de peculato (crime de servidor que
usa o cargo para desviar recursos) no inquérito da Polícia Federal que investiga o valerioduto tucano de 1998, Guimarães
disse que só atuou como coordenador político da campanha,
embora conste oficialmente
como coordenador-geral.
Ele disse ter recebido a ajuda
de Walfrido dos Mares Guia
(PTB-MG), então vice-governador de Azeredo e hoje ministro das Relações Institucionais.
Walfrido é suspeito de ter participado do comando financeiro da campanha, o que ele nega.
Também quitou, por meio de
Marcos Valério, dívida de R$
700 mil de Azeredo com Mourão -Walfrido diz que o fez por
amizade ao senador.
"O Walfrido sempre participou [da campanha]. Sempre
tratei com ele de assuntos políticos, financeiros nunca", disse
Guimarães, ex-secretário de
Obras de Minas (1979-1982) e
deputado estadual de 1963 a
1979 e federal de 1979 a 1987,
pela UDN, Arena e PFL (DEM).
Segundo a PF, ao menos R$
28,5 milhões em recursos irregulares financiaram a campanha de Azeredo e aliados, em
esquema operado por meio de
agências de Valério. Os gastos
declarados à Justiça eleitoral
foram de R$ 8,5 milhões. Mourão reconheceu que as despesas chegaram a R$ 20 milhões,
mas isentou Azeredo de responsabilidade pelo caixa dois.
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