São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Lula alerta para PT não se atrapalhar na Câmara

Presidente defende reeleição de Aldo na presidência

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ontem à cúpula do PT que a sigla não deve se atrapalhar no processo de renovação da presidência da Câmara, em que a preferência clara do Planalto é pela reeleição de Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Na reunião com a comissão política do partido, Lula colocou de forma clara sua posição. Segundo relato de participantes do encontro, o presidente teria dito que não há razão para mudar o ocupante do cargo porque Aldo "está com boa saúde" e é um político "leal".
Em tom de brincadeira, mas no que foi interpretado como um sinal inequívoco de reprovação à tentativa do PT de tomar o lugar de Aldo, Lula teria dado um recado curto, avisando aos petistas para eles não se atrapalharem "de novo".
O termo "de novo" é uma referência a um dos maiores erros cometidos pelo partido durante o primeiro mandato de Lula, que resultou na eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara, em fevereiro de 2005.
Na ocasião, o PT teve dois candidatos: o "oficial" da bancada, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), e um dissidente, Virgilio Guimarães (MG). Isso levou a uma divisão da base governista que impulsionou a vitória do "azarão" Severino.
Ao mesmo tempo, o presidente assegurou a seus colegas de partido que não irá exprimir claramente sua opinião, para que não haja acusação de interferência do Executivo em um poder autônomo.
A sinalização de Lula deve ser um golpe mortal no desejo do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de suceder Aldo. Sem respaldo do presidente, Chinaglia deve recuar de sua intenção.
O risco é a reação que isso poderá ocorrer no PMDB. O partido fez a maior bancada (89 deputados) e não se mostra disposto a ceder agora a presidência da Câmara. Os peemedebistas, que têm os pré-candidatos Geddel Vieira (BA) e Eunício Oliveira (CE), devem cobrar uma fatura alta, na forma de cargos no ministério, para abrir mão do desejo.
Na saída do encontro com Lula, o presidente interino do partido, Marco Aurélio Garcia, prometeu não repetir o erro da eleição de Severino Cavalcanti ao cargo na Câmara. "Esse é um problema que vai se resolver eminentemente no âmbito do Legislativo, e com a sabedoria que os últimos anos nos ensinou." (FÁBIO ZANINI, EDUARDO SCOLESE, PEDRO DIAS LEITE E FERNANDA KRAKOVICS)

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