São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Encontro de Temer com governadores do PMDB eleitos é esvaziado

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Foi esvaziada, antes mesmo de começar, a reunião dos sete governadores eleitos pelo PMDB que estava agendada para hoje, em Florianópolis. O encontro, que discutiria a adesão em bloco ao segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, deve se resumir a um bate-papo entre três governadores que começam o mandato em 2007.
O organizador é o governador eleito de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira. Apenas o eleito por Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, e o reeleito pelo Paraná, Roberto Requião, confirmaram presença até o final da tarde de ontem.
O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto -derrotado ainda no primeiro turno-, eram os dois outros nomes da lista de confirmações da Casa Militar do governo de Santa Catarina no final do dia.
No meio da tarde, a assessoria de Luiz Henrique garantia que apenas o governador eleito do Rio, Sérgio Cabral, havia antecipado que não iria ao encontro. Assessores de Luiz Henrique disseram que Cabral tentou "politizar" a reunião em entrevistas do dia ao propor "campo neutro" para o local do encontro. Paulo Hartung (ES), Marcelo Miranda (TO) e Eduardo Braga (AM) integram a lista de governadores peemedebistas que não haviam confirmado presença.
Luiz Henrique se reelegeu em aliança com o PSDB e fez campanha para Geraldo Alckmin. Na eleição de 2002 ele estava com Lula, compôs com o PT no segundo turno e chegou a atribuir sua vitória à época ao partido do presidente.
Ele voltou ontem a Florianópolis, depois de descansar em Buenos Aires da vitória no segundo turno. Na segunda-feira, o TRE-SC vota um processo de inelegibilidade dele por abuso de poder econômico, que já tem voto favorável do juiz relator.
Luiz Henrique renunciou ao atual mandato de governador para disputar a reeleição. O Estado é hoje governado por Eduardo Pinho Moreira.

Ausência de Cabral
Ao anunciar que não participará da reunião do PMDB, Sérgio Cabral disse que deveriam participar do encontro todos os governadores eleitos pelo partido, não só os considerados oposicionistas a Lula.
Alinhado ao petista, para quem pediu votos e fez campanha no segundo turno, Cabral defendeu que a reunião fosse marcada para "terreno neutro", no caso Brasília, com a presença dos principais dirigentes do PMDB. Como isso não ocorrerá, resolveu não comparecer.
"Ela [a proposta da reunião] começou com muito ruído, e eu quero o PMDB unido", afirmou Cabral, que revelou ter discutido o assunto em encontro recente com o governador reeleito Paulo Hartung (ES).
Com o presidente Lula, Cabral disse não ter conversado. Negou que o presidente tenha telefonado para ele, a fim de pedir que não comparecesse ao encontro. "De maneira alguma. Jamais recebi qualquer ligação nesse sentido", afirmou o governador eleito.
Ao lado de Cabral em entrevista no Palácio da Cidade, no Rio, o prefeito Cesar Maia (PFL) pediu permissão para opinar sobre o tema.
Autorizado pelo governador eleito, o pefelista afirmou: "Acho que é um atraso. Voltar à República dos governadores, enfraquecer os partidos políticos. Os governadores são parte dos partidos políticos".


Colaborou SERGIO TORRES, da Sucursal do Rio

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