|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF pode indiciar envolvidos no dossiê por crime eleitoral
Polícia afirma não ter elementos suficientes para identificar origem do dinheiro
Delegado vai pedir nova prorrogação de prazo; uma das linhas de investigação aponta que o dinheiro pode ter vindo de caixa dois do PT
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Ainda com poucos elementos
para identificar a origem do dinheiro que seria usado na compra do dossiê antitucano, a Polícia Federal já cogita a possibilidade de pelo menos atribuir
aos envolvidos a responsabilidade por crime eleitoral. No entanto, a PF quer esgotar todas
as outras possibilidades de investigação antes de fazer indiciamentos.
A PF diz que não tem ainda
elementos suficientes para indiciar os envolvidos e, por isso,
o delegado Diógenes Curado,
responsável pelas investigações sobre o dossiê contra tucanos, pedirá na próxima semana
a prorrogação do inquérito por
pelo menos até meados de dezembro. As apurações já haviam sido prorrogadas uma vez,
e o prazo se encerra no próximo
dia 26 de novembro.
Caixa dois
Uma das principais linhas de
investigação da Polícia Federal
até agora aponta indícios de
que parte do R$ 1,75 milhão
-sendo US$ 248 mil e R$ 1,16
milhão- apreendido no dia 15
de setembro com Valdebran
Padilha e Gedimar Passos, no
hotel Ibis, em São Paulo, seja
proveniente de caixa dois de
campanha.
Valdebran, ex-petista, era o
interlocutor da família Vedoin
-chefe da máfia dos sanguessugas- e foi ao hotel levar os
documentos para Gedimar,
emissário do PT.
Entre os indícios que reforçam essa tese, ainda de acordo
com informações da PF, está o
fato de que todos os envolvidos
tinham alguma participação
em campanhas (nacional ou estadual) do PT.
Outro indicativo que vincula
a campanha eleitoral com o dinheiro apreendido é o teor dos
depoimentos dados por alguns
dos envolvidos, como o de Hamilton Lacerda -ex-coordenador de campanha de Aloizio
Mercadante (PT) ao governo de
São Paulo.
Lacerda foi flagrado por uma
câmera do Ibis entrando com
uma mala no hotel.
O ex-coordenador de campanha de Mercadante declarou
que a mala continha apenas boletos de doações de campanha,
mas a Polícia Federal afirma ter
indícios de que a versão não
procede, pois esses boletos
nunca foram localizados.
Outro indício é que a negociação, segundo o relatório parcial divulgado pela PF, foi comandada por Jorge Lorenzetti
-ex-coordenador da área de
análise de risco e mídia do comitê do campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
A suspeita de caixa dois fez
com que a PF convocasse para
depor nos próximos dias José
de Filippi Jr., administrador
das finanças do comitê eleitoral
do presidente Lula.
Além dele, a Polícia Federal
vai ouvir também, no mesmo
inquérito, José Giácomo Baccarin, que atuou como coordenador financeiro na campanha
de Mercadante ao governo de
São Paulo.
A polícia também aguardará
até o dia 28 de novembro pela
apresentação ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) da prestação final de contas da campanha de Lula à Presidência.
O objetivo é rastrear alguns
saques que ocorreram na conta
nacional na véspera da tentativa de negociação do dossiê.
Texto Anterior: Câmara: PMDB diz não abrir mão de ter um filiado na presidência da casa Próximo Texto: CPI vê ligação entre deputado petista e envolvidos com dossiê e quer convocá-lo Índice
|