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CPI vê ligação entre deputado petista e envolvidos com dossiê e quer convocá-lo
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os contatos telefônicos entre
o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) e o ex-diretor do
Banco do Brasil Expedito Veloso ocorreram em datas-chave
da negociação para a compra do
dossiê antitucano, indicou ontem a CPI dos Sanguessugas.
Reportagem da Folha mostrou que Abicalil e Expedito,
um dos negociadores da aquisição do material, se falaram por
telefone por pelo menos 20 vezes em agosto e setembro, além
de duas outras ligações entre o
deputado e Valdebran Padilha,
que negociava a papelada em
nome da família Vedoin, que
coordenava os sanguessugas.
O nome do deputado, que
nega envolvimento no caso,
não havia surgido até o momento nas investigações.
"A alta freqüência de telefonemas entre os dois, em um período crítico da negociação para a compra e venda do dossiê
exige que o deputado dê explicações à CPI", afirmou o vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que apresentará pedido de
convocação do petista.
"A troca de telefonemas em
datas específicas e relevantes
dentro do processo de negociação justifica que a CPI investigue o caso", disse Carlos Sampaio. O deputado Fernando
Gabeira (PV-RJ), sub-relator,
disse acreditar que Abicalil se
envolveu no episódio. "Acredito que ele tenha participado
das negociações."
Abicalil divulgou ontem nota
dizendo que "até o momento
não conhece os dados anunciados". Ele afirmou jamais ter sido "notificado da possibilidade
de sua vinculação, seja pela Polícia Federal, pelo Ministério
Público Federal ou pela própria CPI". Disse que requisitará cópia das quebras de sigilo
telefônico mencionadas. À Folha, anteontem, Abicalil disse
não ter sido informado por Expedito sobre as negociações.
Conforme relatado na reportagem, a CPI constatou que o
maior número de ligações trocadas, nove, ocorreu no dia 22
de agosto, véspera da primeira
ida de Expedito a Cuiabá com o
objetivo de iniciar a negociação
para a aquisição do dossiê.
O cruzamento feito pela CPI
mostra ainda três ligações em 5
de setembro, dez dias antes da
prisão de Gedimar e Valdebran.
Também no dia 5, há o registro
dos contatos entre o deputado
e Valdebran.
"Nesta data, em Brasília,
ocorreu o segundo encontro
entre Expedito, Valdebran, Gedimar e Darci Vedoin para finalização das tratativas quanto ao
valor a ser pago pelo dossiê",
diz o relatório da CPI.
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