da Sucursal de Brasília

O comandante da Aeronáutica, Walter Brauer, entrou em contradição ontem com o ministro Elcio Alvares (Defesa). Ele disse que não conhecia a decisão de aposentar o avião conhecido como "Sucatão" das viagens internacionais de Fernando Henrique Cardoso, anunciada pelo ministro.
No fim do dia, o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, confirmou que FHC não viaja mais no Boeing-707 da FAB (Força Aérea Brasileira), o "Sucatão".
Alvares divulgou a decisão anteontem, no Planalto, depois que um avião similar ao "Sucatão" fez pouso de emergência na Holanda, quando levava o vice-presidente Marco Maciel para a China.
Além da contradição, a Aeronáutica divulgou anteontem nota que desmente informações iniciais do Ministério da Defesa e da Vice-Presidência de que uma das quatro turbinas do avião que levava Maciel pegou fogo e provocou o pouso de emergência.
A Aeronáutica classificou o trato ao acidente de "sensacionalista" e informou que a turbina não pegou fogo e não houve apreensão dos passageiros no pouso.
Horas antes da entrevista de Lamazière, Brauer disse que não conhecia a decisão da Presidência. Ele chegou a perguntar aos jornalistas quem a havia anunciado.
"Eu viajaria a qualquer instante, estou pronto para decolar no "Sucatão". O avião só sai do chão perfeito. Ninguém é camicase, ninguém é suicida", afirmou. "O presidente tem toda a segurança para voar no "Sucatão"."
Brauer disse que a Aeronáutica "ressuscitou" estudos para substituição dos aviões presidenciais.
"O leasing (aluguel com direito à compra no final do contrato) para uso restrito sai muito caro. Sairia bem mais barato comprar uma nova aeronave ou alugar uma a cada vôo", afirmou.
Ele disse que, enquanto os estudos não se definirem, os quatro Boeing-707 estarão à disposição da Presidência. Brauer e Alvares participaram ontem de cerimônias militares, que contaram com a presença de FHC.


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