São Paulo, Sexta-feira, 17 de Dezembro de 1999


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LEGISLATIVO
Mesmo sem definição de temas que serão votados, Câmara diz que manterá texto que limita MPs
Pauta de convocação causa divergência

RAQUEL ULHÔA
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

As relações entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional deverão ser turbulentas durante a convocação extraordinária.
A pauta de votações ainda não foi definida, mas alguns itens já provocam divergências entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
ACM e o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), avisaram que a Câmara deverá manter o texto da emenda que limita o uso de MPs (medidas provisórias) pelo governo, aprovado pelo Senado.
O presidente se opõe à emenda, por considerá-la um risco à governabilidade do país.
"Ele (FHC) vai lutar para que a Câmara mude o texto, mas, evidentemente, nós não podemos garantir o êxito de sua luta... O desejo de mudar é natural. Mas, entre a vontade de mudar e conseguir mudar, há uma diferença", afirmou o presidente do Senado.
A emenda do Senado amplia o prazo de vigência de uma medida provisória (dos 30 dias atuais para 60), mas permite apenas uma reedição, por mais 60 dias. Atualmente, não há limites de reedições.
Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias a partir de sua publicação, entrará em regime de urgência na Casa em que estiver tramitando (Câmara ou Senado), ficando bloqueadas todas as demais deliberações.
Se a medida provisória não for votada em 120 dias, ela perde a eficácia definitivamente.

Período
Os líderes da Câmara divergem do período da convocação. Segundo ACM, o presidente fará a convocação de 5 de janeiro a 10 de fevereiro, porque há medidas provisórias vencendo no dia 31 de dezembro, o que convocaria automaticamente o Congresso até 5 dias depois.
ACM disse que a instalação dos trabalhos no dia 5 de janeiro será apenas formal. Os trabalhos só terão início no dia 10.
Uma das prioridades do governo, a emenda constitucional que cria a cobrança previdenciária dos servidores públicos inativos não será aprovada na convocação, segundo Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL na Câmara.
Para ele, a emenda é muito polêmica para ser votada na convocação. "É preciso muita negociação", disse.

Três propostas
Para Inocêncio Oliveira, só deverão ser votadas três propostas durante a convocação extraordinária: o Orçamento de 2000, o Plano Plurianual e a emenda que cria a DRU (Desvinculação de Receita da União), que deve substituir o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal).
Outro atrito poderá ser provocado pelo projeto de lei que cria o Fust (Fundo de Universalização do Sistema de Telecomunicações). ACM disse que o Senado vai mudar a proposta, defendida pelo governo.
Criado para garantir a universalização do sistema telefônico -financiando a implantação do sistema em locais onde isso não seria lucrativo-, o Fust seria formado com recursos provenientes do recolhimento de 1% da receita líquida das empresas de telecomunicações.
Segundo estimativas de líderes governistas, esses recursos somariam R$ 760 milhões por ano.
A aprovação do projeto foi impedida por manobra do líder do PMDB, Jader Barbalho (PA).
Jader alegou motivos técnicos, mas, segundo os próprios peemedebistas, o objetivo do líder do PMDB era impedir que o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, que é do PSDB, controle essa verba.


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