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LEGISLATIVO
Mesmo sem definição de temas que serão votados, Câmara diz que manterá texto que limita MPs
Pauta de convocação causa divergência
RAQUEL ULHÔA
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
As relações entre o Palácio do
Planalto e o Congresso Nacional
deverão ser turbulentas durante a
convocação extraordinária.
A pauta de votações ainda não
foi definida, mas alguns itens já
provocam divergências entre o
presidente Fernando Henrique
Cardoso e o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA).
ACM e o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), avisaram que a Câmara deverá manter
o texto da emenda que limita o
uso de MPs (medidas provisórias) pelo governo, aprovado pelo
Senado.
O presidente se opõe à emenda,
por considerá-la um risco à governabilidade do país.
"Ele (FHC) vai lutar para que a
Câmara mude o texto, mas, evidentemente, nós não podemos
garantir o êxito de sua luta... O desejo de mudar é natural. Mas, entre a vontade de mudar e conseguir mudar, há uma diferença",
afirmou o presidente do Senado.
A emenda do Senado amplia o
prazo de vigência de uma medida
provisória (dos 30 dias atuais para
60), mas permite apenas uma reedição, por mais 60 dias. Atualmente, não há limites de reedições.
Se a medida provisória não for
apreciada em até 45 dias a partir
de sua publicação, entrará em regime de urgência na Casa em que
estiver tramitando (Câmara ou
Senado), ficando bloqueadas todas as demais deliberações.
Se a medida provisória não for
votada em 120 dias, ela perde a eficácia definitivamente.
Período
Os líderes da Câmara divergem
do período da convocação. Segundo ACM, o presidente fará a
convocação de 5 de janeiro a 10 de
fevereiro, porque há medidas
provisórias vencendo no dia 31 de
dezembro, o que convocaria automaticamente o Congresso até 5
dias depois.
ACM disse que a instalação dos
trabalhos no dia 5 de janeiro será
apenas formal. Os trabalhos só terão início no dia 10.
Uma das prioridades do governo, a emenda constitucional que
cria a cobrança previdenciária
dos servidores públicos inativos
não será aprovada na convocação, segundo Inocêncio Oliveira
(PE), líder do PFL na Câmara.
Para ele, a emenda é muito polêmica para ser votada na convocação. "É preciso muita negociação", disse.
Três propostas
Para Inocêncio Oliveira, só deverão ser votadas três propostas
durante a convocação extraordinária: o Orçamento de 2000, o
Plano Plurianual e a emenda que
cria a DRU (Desvinculação de Receita da União), que deve substituir o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal).
Outro atrito poderá ser provocado pelo projeto de lei que cria o
Fust (Fundo de Universalização
do Sistema de Telecomunicações). ACM disse que o Senado
vai mudar a proposta, defendida
pelo governo.
Criado para garantir a universalização do sistema telefônico -financiando a implantação do sistema em locais onde isso não seria
lucrativo-, o Fust seria formado
com recursos provenientes do recolhimento de 1% da receita líquida das empresas de telecomunicações.
Segundo estimativas de líderes
governistas, esses recursos somariam R$ 760 milhões por ano.
A aprovação do projeto foi impedida por manobra do líder do
PMDB, Jader Barbalho (PA).
Jader alegou motivos técnicos,
mas, segundo os próprios peemedebistas, o objetivo do líder do
PMDB era impedir que o ministro das Comunicações, Pimenta
da Veiga, que é do PSDB, controle
essa verba.
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