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PÚBLICO X PRIVADO
Vice-presidente eleito diz que ação de sua empresa na compra de algodão não foi ilegal e defende inquérito
Alencar pede "todo rigor" sobre Coteminas
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente eleito da República, senador José Alencar
(PL-MG), afirmou ontem que a
investigação do governo sobre a
sua empresa, a Coteminas, "deve
ser feita com todo o rigor".
Alencar assumiu a responsabilidade por todos os atos da empresa, da qual vai se desligar no próximo dia 20, para assumir a Vice-Presidência, e disse que nenhum
ato que praticou foi ilegal.
A Folha revelou no último domingo que a Coteminas, uma das
maiores empresas brasileiras do
setor têxtil, comprou em leilões
da Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento) lotes de algodão que, na prática, já lhe pertenciam. A operação permitiu à empresa receber subvenções que o
governo federal distribui em pregões agrícolas.
"Aquilo é uma operação legal.
Minha empresa não faz nada fora
da lei", afirmou o senador. Ele admitiu que é uma situação desagradável estar sendo investigado pelo
governo do qual fará parte a partir
do próximo dia 1º.
"Quando há uma coisa que nos
atinge, é claro que é desagradável", afirmou. A investigação está
a cargo da Corregedoria Geral da
União, órgão subordinado à Presidência da República.
Alencar afirmou que não tinha
tido tempo de falar com seu filho,
Josué Christiano Gomes da Silva,
que dirige a empresa, e que não tinha nada a acrescentar à nota publicada ontem pela Coteminas em
diversos jornais do país, inclusive
a Folha, com explicações sobre as
operações de compra de algodão
nos leilões da Conab.
A nota da Coteminas (Companhia de Tecidos do Norte de Minas) refuta com veemência quaisquer suspeitas de fraude.
Segundo a Coteminas, na safra
1999/2000, a empresa havia firmado com o produtor Carlos Newton Vasconcelos Bonfim, seu filho
e suas empresas, nove contratos
para fornecimento futuro de algodão, com pagamentos antecipados. Em todos esses contratos, os
preços eram os de mercado, sempre inferiores aos preços mínimos
do governo.
Em julho de 2000, antes da entrega de parcela do algodão contratado, o governo federal, por
meio da Conab, interveio no mercado, como forma de garantir o
preço mínimo, já que no mercado
estava sendo praticado valor abaixo do mínimo.
Ainda segundo a nota, a Coteminas e seus fornecedores decidiram cancelar parcelas de contratos ainda em aberto, cujas entregas não tinham sido efetivadas, e
ao mesmo tempo participar do
leilão promovido pela Conab.
"A Coteminas está segura de
que a apuração já desencadeada
constatará a legalidade das operações efetuadas", afirma a nota, assinada pelo filho de Alencar.
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