São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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PÚBLICO X PRIVADO

Vice-presidente eleito diz que ação de sua empresa na compra de algodão não foi ilegal e defende inquérito

Alencar pede "todo rigor" sobre Coteminas

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente eleito da República, senador José Alencar (PL-MG), afirmou ontem que a investigação do governo sobre a sua empresa, a Coteminas, "deve ser feita com todo o rigor".
Alencar assumiu a responsabilidade por todos os atos da empresa, da qual vai se desligar no próximo dia 20, para assumir a Vice-Presidência, e disse que nenhum ato que praticou foi ilegal.
A Folha revelou no último domingo que a Coteminas, uma das maiores empresas brasileiras do setor têxtil, comprou em leilões da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) lotes de algodão que, na prática, já lhe pertenciam. A operação permitiu à empresa receber subvenções que o governo federal distribui em pregões agrícolas.
"Aquilo é uma operação legal. Minha empresa não faz nada fora da lei", afirmou o senador. Ele admitiu que é uma situação desagradável estar sendo investigado pelo governo do qual fará parte a partir do próximo dia 1º.
"Quando há uma coisa que nos atinge, é claro que é desagradável", afirmou. A investigação está a cargo da Corregedoria Geral da União, órgão subordinado à Presidência da República.
Alencar afirmou que não tinha tido tempo de falar com seu filho, Josué Christiano Gomes da Silva, que dirige a empresa, e que não tinha nada a acrescentar à nota publicada ontem pela Coteminas em diversos jornais do país, inclusive a Folha, com explicações sobre as operações de compra de algodão nos leilões da Conab.
A nota da Coteminas (Companhia de Tecidos do Norte de Minas) refuta com veemência quaisquer suspeitas de fraude.
Segundo a Coteminas, na safra 1999/2000, a empresa havia firmado com o produtor Carlos Newton Vasconcelos Bonfim, seu filho e suas empresas, nove contratos para fornecimento futuro de algodão, com pagamentos antecipados. Em todos esses contratos, os preços eram os de mercado, sempre inferiores aos preços mínimos do governo.
Em julho de 2000, antes da entrega de parcela do algodão contratado, o governo federal, por meio da Conab, interveio no mercado, como forma de garantir o preço mínimo, já que no mercado estava sendo praticado valor abaixo do mínimo.
Ainda segundo a nota, a Coteminas e seus fornecedores decidiram cancelar parcelas de contratos ainda em aberto, cujas entregas não tinham sido efetivadas, e ao mesmo tempo participar do leilão promovido pela Conab.
"A Coteminas está segura de que a apuração já desencadeada constatará a legalidade das operações efetuadas", afirma a nota, assinada pelo filho de Alencar.


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