São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em 99, PT criticou elo de Armínio com mercado

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na agressiva sabatina enfrentada por Armínio Fraga, os senadores do bloco de oposição liderado pelo PT levantaram questões éticas e de política econômica que agora, ironicamente, terão de ser respondidas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Com expressões como "gênio do mal" e "vampiro no banco de sangue", dirigidas a Armínio na sessão da Comissão de Assuntos Econômicos de 26 de fevereiro de 1999, os oposicionistas pretendiam denunciar o conflito de interesses e o trânsito de executivos entre o BC e o setor financeiro.
É verdade que a situação de Armínio na época era mais delicada que a de Henrique Meirelles hoje. O primeiro acabava de sair de um posto importante na empresa do megaespeculador George Soros, enquanto o segundo deixou a presidência mundial do BankBoston neste ano para se eleger deputado pelo PSDB goiano.
Mas ambos têm em comum a ligação com o sistema financeiro internacional, que, nas palavras de Heloísa Helena (PT-AL) em 99, "desmantela nações em função da mediocridade do lucro". Marina Silva (PT-AC), futura ministra do Meio Ambiente, perguntou a Armínio se submeteria "suas ações à ética que referencia o mercado, que referencia o antigo grupo ao qual pertencia, ou à ética do BC, instituição pública".
Na política econômica, o PT também poderá repetir para Meirelles algumas das questões apresentadas a Armínio, que em sua apresentação inicial prometeu manter uma política monetária apertada e honrar os contratos do país -compromissos reiterados pelo futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
Em 99, Eduardo Suplicy (PT-SP) apontou a "forte relação" entre tal política e o desemprego, perguntou se seria possível compatibilizar "o brutal pagamento de juros" com a distribuição de renda e cobrou: "Que alternativa de política econômica Vossa Senhoria nos apresenta?"
Ademir Andrade (PSB-PA) disse a Armínio que votaria contra sua indicação justamente por causa da promessa de manter os juros altos e honrar os contratos.
Armínio, elogiado na semana passada por Lula e Palocci pelo empenho em manter sua diretoria no cargo até a definição dos substitutos, foi aprovado na comissão por 21 a 6 -os cinco oposicionistas votaram contra. No plenário, onde a oposição tinha 14 votantes, o placar foi 57 a 20.


Texto Anterior: Saia justa: Meirelles tenta "dobrar" Heloísa Helena
Próximo Texto: Público x Privado: Alencar pede "todo rigor" sobre Coteminas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.