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Em 99, PT criticou elo de Armínio com mercado
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na agressiva sabatina enfrentada por Armínio Fraga, os senadores do bloco de oposição liderado pelo PT levantaram questões éticas e de política econômica que
agora, ironicamente, terão de ser
respondidas pelo governo Luiz
Inácio Lula da Silva.
Com expressões como "gênio
do mal" e "vampiro no banco de
sangue", dirigidas a Armínio na
sessão da Comissão de Assuntos
Econômicos de 26 de fevereiro de
1999, os oposicionistas pretendiam denunciar o conflito de interesses e o trânsito de executivos entre o BC e o setor financeiro.
É verdade que a situação de Armínio na época era mais delicada
que a de Henrique Meirelles hoje.
O primeiro acabava de sair de um
posto importante na empresa do
megaespeculador George Soros,
enquanto o segundo deixou a presidência mundial do BankBoston
neste ano para se eleger deputado
pelo PSDB goiano.
Mas ambos têm em comum a ligação com o sistema financeiro
internacional, que, nas palavras
de Heloísa Helena (PT-AL) em
99, "desmantela nações em função da mediocridade do lucro".
Marina Silva (PT-AC), futura ministra do Meio Ambiente, perguntou a Armínio se submeteria "suas ações à ética que referencia
o mercado, que referencia o antigo grupo ao qual pertencia, ou à
ética do BC, instituição pública".
Na política econômica, o PT
também poderá repetir para Meirelles algumas das questões apresentadas a Armínio, que em sua apresentação inicial prometeu
manter uma política monetária apertada e honrar os contratos do
país -compromissos reiterados pelo futuro ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho.
Em 99, Eduardo Suplicy (PT-SP) apontou a "forte relação" entre tal política e o desemprego,
perguntou se seria possível compatibilizar "o brutal pagamento
de juros" com a distribuição de
renda e cobrou: "Que alternativa
de política econômica Vossa Senhoria nos apresenta?"
Ademir Andrade (PSB-PA) disse a Armínio que votaria contra
sua indicação justamente por
causa da promessa de manter os
juros altos e honrar os contratos.
Armínio, elogiado na semana
passada por Lula e Palocci pelo
empenho em manter sua diretoria no cargo até a definição dos
substitutos, foi aprovado na comissão por 21 a 6 -os cinco oposicionistas votaram contra. No plenário, onde a oposição tinha 14
votantes, o placar foi 57 a 20.
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