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TRANSIÇÃO
Para participar do governo Lula, partido exige ao menos dois ministérios e o direito de definir titulares e assessores
PMDB quer nomear cúpula de suas pastas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na conversa que deve ter nas
próximas horas com José Dirceu,
futuro chefe da Casa Civil do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, o deputado Michel Temer
apresentará pelo menos duas exigências do PMDB para participar
do novo governo.
A primeira é que o partido indique os nomes dos ministros nas
pastas que ficarem com a sigla. A
outra é indicar os integrantes do
segundo escalão desses ministérios, ao menos dois, segundo espera a direção peemedebista.
As duas condições foram feitas
pelas bancadas e por governadores do partido, consultados por
Temer ao longo da semana passada. Segundo a cúpula da legenda,
com 74 deputados e 20 senadores,
o PMDB não poderia entrar no
governo Lula para ser a "rainha
da Inglaterra".
A cúpula do PMDB, na realidade, vive um dilema. Embora tenha
aumentado o número de peemedebistas que dizem preferir que o
partido fique numa posição de independência, ela teme recusar o
convite para participar do governo e com isso perder o controle
sobre a negociação.
O temor é que parte do partido
passe a negociar diretamente com
o PT. A médio prazo, a direção
poderia ser ultrapassada pelos fatos e também ver o partido perder
congressistas para outras legendas governistas.
A conversa de Dirceu com Temer pode ocorrer ainda hoje. Ontem o petista disse "que não existe
nenhuma definição com relação a
quais ministérios o PMDB ocupará porque não existe uma definição de que o PMDB participará
do governo".
Trata-se de uma declaração
cautelosa, bem diferente do tom
que Dirceu adotou na conversa
que teve em São Paulo, domingo
retrasado, com o próprio Temer.
Na ocasião, Dirceu acenou com os
ministérios do Planejamento e
dos Transportes e com a possibilidade de o PMDB indicar os integrantes do segundo escalão.
De lá para cá, a conversa azedou. Para o PT, os peemedebistas
esfriaram a negociação porque
não queriam os nomes do senador Pedro Simon (Transportes) e
do economista Carlos Lessa (Planejamento). Para o PMDB, o PT
cedeu a pressões internas, recuou
da proposta inicial e tentou passar
à opinião pública uma imagem fisiológica da sigla de Temer.
De fato, a cúpula do PMDB é
que foi procurada pelo PT. A posição da sigla, até a reunião de
Dirceu com Temer no hotel Sofitel, era de apoiar sem ter cargos,
conforme fora decidido numa
reunião com os governadores.
Mas é certo que a cúpula não vai
assumir nomes como Lessa.
O acordo, se houver, passará pela indicação de um nome pela
bancada do PMDB no Senado e
outro pela bancada da sigla na Câmara. No Senado, pode até ser
que os peemedebistas aceitem indicar Simon, um nome sempre
associado à dissidência da atual
cúpula partidária.
Simon, mais recentemente, se
aproximou do líder da bancada,
Renan Calheiros (AL), que é candidato à presidência da Casa contra o ex-presidente José Sarney
(AP), que seria o nome preferido
de Lula para o cargo.
Em uma semana mudaram
também os ministérios que podem ir para o PMDB. Agora fala-se na Integração Nacional, pasta
já ocupada pelo partido, e na de
Minas e Energia.
Segundo Dirceu, a participação
do PMDB no novo governo "não
é uma questão simples pelas circunstâncias que todo o país conhece e pelos acontecimentos recentes da semana passada, quando tentamos chegar a um ponto
em comum".
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