DA REPORTAGEM LOCAL

O programa Fome Zero deverá ser executado por meio da distribuição de cartões eletrônicos para famílias carentes credenciadas, que poderão sacar dinheiro para a compra de alimentos.
A decisão do PT de optar pelo cartão eletrônico acabou com a polêmica em torno da distribuição de cupons, tida por alguns especialistas no tema, inclusive petistas, como uma prática ultrapassada, passível de fraude e paternalista, pois não permitiria que as pessoas definissem as prioridades na aplicação do recurso.
Será usada como modelo a experiência desenvolvida pelo PSDB em Goiás, conhecida como Renda Cidadã, na qual a distribuição de cartões permite que as famílias gastem o dinheiro da forma que lhes melhor convier.
Ainda assim, o PT pretende criar mecanismos de controle, que permitam que o dinheiro sacado pelas famílias só possa ser gasto com alimentos. Para isso, os integrantes do programa analisam qual forma será mais adequada para esse tipo de controle, que poderia ser realizado, por exemplo, por meio de comprovantes fiscais.
Ontem, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente eleito, José Alencar, e colaboradores do programa Fome Zero, entre eles o coordenador, José Graziano, e d. Mauro Morelli, discutiram o formato do projeto.
Na reunião, ficou decidida a criação de uma Secretaria de Estado de Segurança Alimentar e Nutricional, vinculada à Presidência da República. Bispo de Duque de Caxias (SP), d. Mauro Morelli é um dos cotados para a pasta.

Custo e formato
O programa de combate à fome do governo PT deve custar cerca de R$ 5 bilhões. Parte dos recursos deve ser proveniente do Fundo de Combate à Pobreza. As reuniões realizadas no PT, entretanto, pretendem definir como o dinheiro será sacado, quantas famílias serão beneficiadas e qual o valor a que cada uma terá direito.
Dom Mauro Morelli afirmou que será necessário realizar um cadastramentos mais "bem feito" porque os dados existentes atualmente sobre as famílias carentes estariam defasados.
O Fome Zero será testado no início de 2003 no Piauí, em 13 municípios da região de São Raimundo Nonato. (JULIA DUAILIBI)


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