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PT NO DIVÃ
Ministro reclama dos gastos com o encontro do Diretório Nacional
Petistas precisam ter "apego à austeridade", diz Cristovam
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Defensor declarado da expulsão da senadora Heloísa Helena
(AL) e dos deputados federais
João Batista Araújo, o Babá (PA),
Luciana Genro (RS) e João Fontes
(SE) do PT, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, disse
ontem que o partido precisa manter "o apego à austeridade".
A declaração foi feita quando o
ministro comentava sobre o local
onde foi realizado o encontro do
Diretório Nacional do PT, no final
de semana, que decidiu pela expulsão dos quatro do partido. A
reunião foi realizada em um hotel
de luxo em Brasília. O custo teria
sido de R$ 150 mil.
"Encontro do PT deveria ser
coisa mais austera. O partido tem
que passar idéia de mais austeridade na hora de fazer encontro",
afirmou o ministro durante café
da manhã com jornalistas.
E depois completou: "Mas é
possível que não tivesse outra alternativa. Mas não é só o hotel. O
PT tem que manter apego à austeridade. Tem que ser como escoteiro. Sempre alerta", declarou.
Divórcio
Para Cristovam, a saída dos
quatro parlamentares do PT era
como um "divórcio". "Tinha que
fazer logo", afirmou. O ministro
reiterou que é a favor da liberdade
do discurso. Mas, segundo ele, os
quatro parlamentares não deveriam ter votado contra as decisões
da bancada. "O discurso deles é
um alerta, mas o voto foi errado
porque desfaz o sentido de partido", declarou o ministro.
Ao falar sobre as eleições municipais do próximo ano, Cristovam
não descartou a possibilidade de
fazer campanha para candidatos
do PT. "Vou consultar o partido,
o governo e a Justiça. Se for necessário, possível e decente, posso fazer [campanha]", disse. "Só não
pode sair em avião do governo
para fazer campanha ou usar carro do ministério", acrescentou.
Para o ministro, o governo federal acabará de alguma forma participando das campanhas municipais porque a oposição deve
usar projetos nacionais para tratar de assuntos locais.
Ao defender o governo Luiz
Inácio Lula da Silva, Cristovam
reiterou ser a favor da estabilidade monetária e do ajuste fiscal em
curso. "A discussão é se precisamos ter nesse grau ou não [se referindo ao nível do superávit primário, economia para pagamento
de juros da dívida]. Não dava para
sair direto da esperança para a
mudança. O governo do PT tinha
que ganhar confiança."
O ministro afirmou que a discussão precisa ser em relação à
definição da política orçamentária, ao estabelecer quais setores ou
áreas terão mais investimentos no
Orçamento da União. Segundo
ele, Lula "ganhou" em duas áreas
em que o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso era forte: relações internacionais e economia.
O ministro disse defender a política econômica há muito tempo
porque sem estabilidade não é
possível discutir investimentos.
"De que adianta conseguir reajuste salarial para professores, por
exemplo, se houver inflação? Aí é
fingimento, não reajuste. A estabilidade monetária é uma forma
de verdade", declarou.
Desde que assumiu o ministério, Cristovam reclamou em várias ocasiões da falta de recursos
para a educação. Em setembro,
chegou mesmo a incentivar estudantes a fazer protestos pelo aumento das verbas para o setor.
Cristovam defende que a sociedade se organize para reivindicar
mais recursos de todas as esferas
de governo para a educação. "O
debate não é mudar a política econômica, mas sim mostrar que é
possível tirar de outros setores para investir em educação."
(LUCIANA CONSTANTINO)
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