São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

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PAINEL

Troca de agenda
O governo se deu conta de uma utilidade do debate sobre a abertura dos arquivos da ditadura. Enquanto ele cresce no noticiário, perdem visibilidade os atritos na base aliada e eventual descontentamento com os termos do reajuste do mínimo e da correção da tabela do IR.

Custo-benefício
Ganha força no Planalto o seguinte raciocínio: se levar a termo uma ampla abertura dos arquivos, o governo poderá até se desgastar com parte dos militares, mas marcará pontos com a classe média e até com a indócil esquerda petista. Tudo sem mexer na política econômica.

A conferir
Dado o apetite do aliado PFL, que já está com Cesar Maia na avenida, os tucanos discutiram em Brasília meta algo inacreditável para um partido com múltiplos presidenciáveis e interesses: ter candidato definido até junho, data prevista para seu programa nacional na televisão.

Quem dá bola
Pelada não é exclusividade da Granja do Torto. Na próxima segunda-feira, enfrentam-se os times do Executivo e do Legislativo paulista. O primeiro terá como centroavante Geraldo Alckmin. E uma camisa com logotipo em tudo semelhante ao do Santos do governador.

Rachada ao meio
Dos 44 deputados peemedebistas que assinaram lista pró-recondução do governista José Borba à liderança do partido na Câmara, oito colocaram o nome também no documento dos oposicionistas que defende adiar a decisão para fevereiro. Nesse, as assinaturas já são 34.

Sem chance
A Codesp, estatal administradora do porto de Santos, afirma descartar a possibilidade de perdoar a dívida das empresas Cosipa, Marimex, Libra e T-Grão, que atinge R$ 500 milhões.

Sem conversa 1
As relações entre Executivo e Judiciário paulista, que não vinham bem desde a greve do segundo em meados do ano, pioraram anteontem, quando líderes da base de Geraldo Alckmin na Assembléia rejeitaram votar o projeto que reestrutura o TJ.

Sem conversa 2
Enviado pelo presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Elias Tâmbara, o texto poderá ser apreciado neste ano apenas em sessão extraordinária, o que não está nos planos dos governistas. Com isso, deve ficar para depois do recesso e da eleição da Mesa.

Pedagogia do medo
Na última reunião do bloco PMDB-PP-PL-PTB da Câmara paulistana, líderes fiéis ao PT lançaram uma ameaça: quem decidir apoiar um tucano para comandar a Casa em 2005 será chamado de "traidor" em outdoors espalhados pela cidade.

Pós-campanha 1
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, sugeriu arquivar a notícia crime movida por Marta Suplicy e Luís Favre contra o deputado tucano Alberto Goldman, que durante comício recomendou perguntar à prefeita "ou ao marido dela onde está o dinheiro de São Paulo".

Pós-campanha 2
Claudio Fonteles considerou que não houve intenção de atingir a honra de Marta. A decisão final caberá ao Supremo.

Dose dupla
Derrotado no segundo turno em Londrina (PR), o ex-prefeito Antônio Belinati (PSL) teve agora seus direitos políticos suspensos por cinco anos pelo Tribunal de Justiça do Paraná. A condenação, por improbidade administrativa, refere-se a ação de junho de 2001. Ele irá recorrer.

Visita à Folha
Paulo Maluf (PP), ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

De Ideli Salvatti (SC), líder do PT no Senado e uma das artífices da CPI do Banestado, sobre os trabalhos finais da comissão:
-Se eu soubesse como tudo isso iria terminar, teria ficado quieta. Nunca vi algo ser tão utilizado como objeto de barganha quanto essa comissão.

CONTRAPONTO

Sinto muito

Fernando Henrique Cardoso foi a grande atração do encontro realizado pelo PSDB na noite de terça-feira em Brasília. Mas, antes do discurso do ex-presidente, vieram os do senador Arthur Virgílio, do presidente do partido e prefeito eleito de São Paulo, José Serra, e do governador paulista, Geraldo Alckmin.
Quando chegou sua vez de falar, FHC disse que os tucanos terão candidato forte ao Planalto em 2006 -e que não será ele.
Nesse momento, Virgílio, postado atrás do ex-presidente, aproximou-se e cochichou:
-Se o senhor precisar de alguém para lançar agora, não se preocupe, estou na área!
FHC interrompeu brevemente suas considerações para elogiar o líder da bancada tucana no Senado e registrar a pré-candidatura. Ao final, porém, disse ao pé-do-ouvido de Virgílio:
-Te lancei, mas acho que o discurso do Geraldo foi melhor.


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