São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Nada muda

O Jornal Nacional partiu da pesquisa do IBGE, que apontou mais obesidade do que desnutrição no país, para atacar -outra vez- o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o próprio Fome Zero, de Lula.
Já nas manchetes:
- IBGE descobre que a obesidade é um problema maior que a falta de comida. Mas o governo avisa que nada muda nos programas sociais.
Depois, na reportagem:
- O ministro Patrus Ananias disse que os objetivos do programa Bolsa-Família não vão mudar, mesmo depois da divulgação da pesquisa.
O JN ouviu então um sociólogo, segundo o qual o governo Lula "se precipitou ao lançar o Bolsa-Família antes de fazer uma pesquisa sobre a nutrição dos brasileiros":
- Eu nunca acreditei que o Brasil tivesse dezenas de milhões de famintos.
O telejornal reapresentou uma cena de Lula, no lançamento do Fome Zero, falando em mais de 40 milhões "passando fome no Brasil".
 
Além de não mudar "nada" por aqui, mesmo com a ofensiva do JN, o Fome Zero segue em carreira internacional.
Segundo o Globo Online, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, agora também sócio do Mercosul, "propôs a Lula a criação de um Fundo Social para a América do Sul":
- Como prioridade, o combate à fome e à miséria.
Chávez já ofereceu US$ 100 milhões ao fundo.

SEGREDOS

Globo/Reprodução
Mais arquivos "abandonados"

O JN trouxe os novos documentos do regime militar, agora de um "sítio abandonado" perto de Porto Alegre, como adiantou o "Zero Hora". No "arquivo pessoal de um ex-ministro da Educação, muitos papéis com carimbos de confidencial ou secreto". Relatam ações sobre, entre outros, o líder estudantil José Dirceu, como se sublinhou. O ministro, ontem no balanço do governo, na Globo News, acabou falando seguidas vezes dos documentos e garantiu que virão a público.
E dois brasilianistas, em longas entrevistas a BBC Brasil e Nomínimo, saíram em defesa da abertura dos arquivos. Para o historiador Kenneth Maxwell, de Harvard, "chegou a hora" de andar mais rápido. Para Frank D. McCann, da universidade de New Hampshire, autor de livros sobre os militares brasileiros, "a anistia de 1978 foi baseada no esquecimento, não no perdão". Para ele, "os fatos desagradáveis de 1964/85 não podem nem devem ser esquecidos jamais".

Chegou
Ele vai embarcar às 15h, anunciou o argentino "Clarín", abrindo o dia. Ele embarcou às 15h40, noticiou o site do "La Nación", no final da tarde.
E de fato Néstor Kirchner desembarcou à noite, em Minas, para a cúpula do Mercosul, como destacou o JN. O argentino, com seu ministro da Economia, "não quis falar".

Antes da crise
Os números de 2004 da Cepal, comissão da ONU, ecoaram ontem por BBC, "Financial Times", "Miami Herald" e jornais latino-americanos. O "FT" resumiu, em seu título:
- A economia da América Latina a caminho do melhor ano desde 1980.
E no primeiro parágrafo:
- A economia latino-americana está crescendo no ritmo mais rápido desde antes da crise da dívida, nos anos 80.
Foi a crise que iniciou a "década perdida" -e depois o quarto de século perdido, para Brasil, Argentina e demais.

Impressionado
Em meio à cobertura sobre a Cepal, John Taylor, subsecretário do Departamento do Tesouro dos EUA, saiu dizendo, após reunião com enviados brasileiros em Washington:
- Estou impressionado com a força do crescimento. Salários reais em alta, o emprego subiu drasticamente, o investimento cresce em níveis recordes.

Na espera
O arquiteto Oscar Niemeyer deu entrevista ao italiano "Corriere della Sera". Perguntaram por que votou em Lula:
- Eu havia escolhido Ciro, mas ele não tinha chance. Aí me voltei para Lula, que me parece estar indo bem. Como disse o protagonista do meu romance: a revolução pode esperar.

Cesar 2006
Na esteira de FHC, o prefeito Cesar Maia se lançou pré-candidato do PFL com adjetivos pesados contra Lula, a quem chamou de "oco", nas rádios.


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